O grande incêndio registrado na terça-feira (13) à noite em um edifício de apartamentos de 27 andares na zona oeste de Londres deixou pelo menos seis mortos e 50 feridos, além de vários desaparecidos.
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"Posso confirmar seis mortes no momento, mas o balanço deve aumentar durante o que será uma complexa operação de busca de vários dias", afirma em um comunicado Stuart Cundy, comandante da Polícia Metropolitana.
Muitas pessoas são consideradas desaparecidas
As autoridades não determinaram até o momento a origem do incêndio.
Testemunhas da tragédia afirmaram que viram pessoas caindo ou saltando da torre residencial de 120 apartamentos e ao menos um morador agitando um lençol branco em um dos andares do edifício.
"Escutei gritos de todos os lados e vi pessoas pulando pelas janelas. As chamas devoravam a torre. Um horror", contou à AFP Khadejah Miller, que mora em um edifício próximo e que foi esvaziado pelas autoridades por medida de precaução.
A torre estava praticamente destruída na manhã desta quarta-feira e os bombeiros temem o desabamento. Cotton declarou que o edifício estava estabilizado, mas uma equipe de engenheiros foi enviada para inspecionar as fundações.
A Grenfell Tower foi construída em 1974 na área norte de Kensignton, perto do famoso bairro de Notting Hill.
Ao menos 50 pessoas foram hospitalizadas, anunciaram as autoridades.
O incêndio foi declarado à meia-noite. Quase 200 bombeiros lutavam contra as chamas na manhã desta quarta-feira.
"Os bombeiros avançaram até o 20º andar e conseguiram retirar muitos moradores", disse a chefe dos bombeiros.
'Várias pessoas não conseguiram sair'
"Estavam presos. Não conseguiam descer, especialmente dos andares superiores (...) as pessoas ficaram queimadas", disse um homem identificado como Daniel à rádio BBC.
"Eu vi com meus próprios olhos. E vi pessoas saltando", completou.
Hanan Wahabi, de 39 anos, disse à AFP que escapou com o marido, o filho de 16 anos e a filha de 8, mas teme por seu irmão e sua família que moram no 21º andar.
"A última vez que o vi estava na janela, com a sua mulher e os filhos", afirmou no centro comunitário Rugby Portobello.
"Não soube de mais nada sobre eles desde então, o telefone não funciona, a linha fixa também não. Isso foi às 02H00" (22H00 de Brasília, terça-feira), completou.
Eddie, 55 anos, morador do 16º andar, disse que abandonou seu apartamento com uma toalha no rosto para tentar evitar a fumaça.
"Não era possível ver nada. Eu corri para as escadas. Várias pessoas não conseguiram sair do edifício", disse.
Jody Martin disse à BBC que conseguiu chegar ao segundo andar, onde uma fumaça sufocante dominava o ambiente.
"Vi uma pessoa cair, vi outra mulher com seu bebê do lado de fora da janela, ouvi gritos, gritei para que descessem e diziam que não conseguiam sair dos apartamentos porque a fumaça era muito intensa nos corredores", contou.
O comandante Dan Daly, da London Fire Brigade, afirmou que "os bombeiros equipados com aparelhos respiratórios trabalham de maneira muito dura em condições difíceis para controlar o incêndio".
Vários sobreviventes criticaram a recomendação de permanecer em seus apartamentos.
"Se tivéssemos seguido este conselho estaríamos mortos", afirmou Nicky Paramesivan à BBC.
'Inevitável'
O edifício de apartamentos fica na zona oeste da capital, no bairro North Kensignton, perto de Sheperd's Bush e Notting Hill.
A administração do local realizou uma ampla reforma recentemente, que incluiu um novo sistema de calefação e de água quente.
O custo da obra, concluída em maio de 2016, foi de 8,7 milhões de libras (9,9 milhões de euros).
A fachada foi modernizada com um revestimento.
De acordo com documentos divulgados na internet, alguns moradores reclamaram em várias ocasiões nos últimos anos do estado do edifício e dos possíveis riscos de incêndio.
"Ninguém quis levar em consideração nossas advertências, uma catástrofe como esta era inevitável", publicou em seu blog o Grupo de Ação de Grenfgell após a tragédia.
O prefeito de Londres declarou que os depoimentos provocam "perguntas que aguardam respostas".