EUA e Cuba

Dissidência radical em Cuba aplaude Trump, a moderada lamenta

Dirigentes da dissidência radical receberam com alegria o endurecimento da política de Trump em relação a Cuba, diferentemente dos líderes moderados.

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Publicado em 17/06/2017 às 16:08
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Dirigentes da dissidência radical receberam com alegria o endurecimento da política de Trump em relação a Cuba, diferentemente dos líderes moderados. - FOTO: Foto: AFP
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Dirigentes da dissidência radical receberam com alegria o endurecimento da política de Donald Trump em relação a Cuba, mas os líderes moderados consideraram que se trata de uma política condenada ao fracasso.

"Parabéns a Donald Trump por suas palavras, por seu discurso claro, preciso e justo", declarou à AFP Berta Soler, dirigente das Damas de Branco.

"Foi o que pedimos a Barack Obama, que falasse dos presos políticos, dos abusos contra a dissidência e ele jamais disse nada", acrescentou.

Em termos similares, falou o ex-preso político José Daniel Ferrer, da União Patriótica Nacional.

"Estamos de acordo, nos parece positivo que ao menos as vozes de levantem para condenar a repressão em Cuba", afirmou, acusando o presidente Raúl Castro de ser "o principal responsável pela nova administração americana dar este novo giro".

"Castro não aproveitou as oportunidades que a administração Obama deu ao regime cubano de começar a dar passos positivos tanto em termos econômicos como no campo dos direitos humanos", explicou.

No entanto, para Manuel Cuesta Morúa, do grupo moderado Arco Progresista, "voltar às políticas do fracasso é a melhor maneira de garantir o fracasso da política".

"Esta é uma regressão política aos ambientes da Guerra Fria, que não produziram mudanças democráticas na ilha", acrescentou.

"A proibição das viagens dos americanos à ilha só vai afetar fundamentalmente o pequeno e emergente setor privado", afirmouj Morúa, classificando de absurda a pretenção de manter negócios com Cuba ignorando os militares que "estão em todos os setores estratégicos".

Mais de 250.000 americanos visitaram a ilha nos primeiros cinco meses de 2017, o que representa um crescimento de 145% em relação ao mesmo período de 2016, informou na quarta-feira um portal cubano citando fontes oficiais.

Na véspera, Trump anunciou medidas que endurecema polícia do seu antecessor em relação a Cuba, proibindo a negociação com os militares a ilha e prometendo apoiar o povo cubano em sua luta contra o seu "brutal" governo.

Cumprindo uma promessa de campanha, Trump agradou o exílio cubano em Miami ao exigir de Havana que respeite os direitos humanos.

"A partir de agora estou cancelando completamente o acordo unilateral com Cuba", disse Trump em um pequeno teatro de Little Havana, em Miami, ao anunciar ao exílio cubano as suas modificações na política de Washington com Havana.

"Não queremos que os dólares americanos vão parar em um monopólio militar que explora e abusa dos cidadãos de Cuba [...] e não iremos retirar as sanções até que libertem os presos políticos", prometeu Trump.

As cerca de 1.000 pessoas que encheram o teatro Artime ovacionaram de pé o presidente, gritaram "eu te amo" e cantaram "parabéns pra você", já que Trump completou 71 anos na quarta-feira.

Os acompanharam dissidentes e ativistas célebres como Rosa María Payá e José "Antúnez" García Pérez, além de políticos locais e veteranos da falida invasão da Baía dos Porcos, em 1961.

A nova política impede principalmente qualquer transação financeira com o Grupo de Administração de Empresas (GAESA), uma holding estatal cubana que, de acordo com Washington, beneficia diretamente chefes de alto escalão das Forças Armadas.

O apoio a esta medida é monolítico porque força os investidores estrangeiros a se entender diretamente com os novos empresários na ilha.

Trump também fixou medidas mais estritas para as viagens dos americanos à ilha, mas as relações diplomáticas se mantêm e os cubanos continuam com o direito de viajar e enviar remessas.

A nova política não reverte a aproximação iniciada por Washington e Havana em dezembro de 2014, mas endurece os seus termos.

Trump venceu as eleições em grande parte graças ao voto dos habitantes da Flórida, tendo um papel crucial o apoio dos cubano-americanos.

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