"Asteroid day" não é o nome de um novo filme de ficção e sim uma jornada mundial que acontecerá na próxima sexta-feira (30) para conscientizar sobre o potencial devastador desses corpos do Sistema Solar e a necessidade de nos protegermos.
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Durante 4,5 bilhões de anos, asteroides impactaram na Terra, causando desde salpicos inócuos no oceano até a extinção de espécies. Ninguém sabe quando será o próximo grande impacto, mas os cientistas trabalham para prevê-lo e descobrir como abortá-lo.
"Cedo ou tarde sofreremos um impacto maior ou menor", disse à AFP Rolf Densing, diretor do Centro Europeu de Operações Espaciais, em Darmstadt (Alemanha), com motivo do Dia Internacional do Asteroide.
E "não estamos preparados para nos defendermos", acrescentou. "Não temos medidas ativas de defesa planetária".
As táticas poderiam consistir em destruir o asteroide com laser, tentar desviá-lo ou enviar um "trator" espacial para arrastá-lo. Mas o primeiro que precisa ser feito é detectar a ameaça.
Os astrofísicos classificam estes corpos por tamanho, desde os que medem vários milímetros e queimam ao penetrar diariamente na atmosfera da Terra, até os mastodontes de 10 km, como o que extinguiu os dinossauros há 65 milhões de anos.
Estima-se que estes episódios acontecem uma vez a cada 100 milhões de anos, e que o próximo poderia supor o fim da humanidade.
Até agora os especialistas catalogaram 90% dos asteroides desse tamanho e determinaram que não supunham uma ameaça imediata.
Mais preocupantes são os milhões de asteroides de entre 15 e 140 metros. Um deles, de 40 metros, causou o maior impacto da história recente quando colidiu em Tunguska (Sibéria), em 30 de junho de 1908 (daí a data escolhida para o Dia Internacional), derrubando 80 milhões de árvores em uma zona pouco povoada de 2.000 km quadrados, uma superfície superior à de Londres.
Outro episódio relevante foi registrado em Chelyabinsk, no centro da Rússia, em 2013, quando um corpo de 20 metros - que não tinha sido detectado com antecedência - entrou na atmosfera criando uma energia cinética equivalente a 27 bombas de Hiroshima.
A onda de choque fez com que as janelas de quase 5.000 edifícios quebrassem e deixou mais de 1.200 feridos.
- Evacuar as cidades -
Diante da ameaça, a Europa está criando uma série de telescópios, cuja conclusão está programada para daqui a dois anos.
Esta rede "escaneará sistematicamente o céu a cada noite, e qualquer asteroide que se aproxime será detectado com uma antecedência de duas a três semanas", disse Nicolas Bobrinsky, responsável do projeto de vigilância de asteroides "Space Situational Awareness", da Agência Espacial Europeia.
"Não é muito, mas é melhor do que o que temos agora", acrescentou. No mínimo, permitirá evacuar cidades e alertar sobre a onda de choque.
"Ao contrário de outros riscos naturais na Terra, como tsunamis e terremotos, este é o único que podemos prever", disse Patrick Michel, astrofísico do Centro Nacional de Pesquisas Científicas da França.
O que se necessita é cooperação entre políticos e agências espaciais, e principalmente dinheiro.
Um sistema para desviar um asteroide requereria entre 300 e 400 milhões de euros, segundo Bobrinsky, uma soma minúscula comparada com o custo do desastre potencial.
A ONU declarou o 30 de junho como Dia Internacional do Asteroide para alertar do que seus organizadores descrevem como o "maior desafio da humanidade".
Foi promovido pelo astrofísico e guitarrista do Queen, Brian May, e pelo cineasta Grigorij Richters, que dirigiu o filme de ficção científica "51 Degrees North", sobre um asteroide que se dirige perigosamente para Londres.
A iniciativa conta com o apoio de dezenas de cientistas, astronautas e famosos, muitos dos quais participarão em um programa especial de 24 horas emitido ao vivo na sexta-feira no site https://asteroidday.org.