Os pedidos reforçar a cibersegurança se multiplicaram nesta quarta-feira após uma nova onda de ataques do tipo 'ramsomware', iniciada na Ucrânia e na Rússia, que contaminou milhares de computadores do mundo todo, afetando infraestruturas e multinacionais de vários países.
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Este novo programa maligno de chantagem ou sequestro - 'ramsomware', de ramsom (rescate) -, que bloqueia computadores até o pagamento de 300 dólares em moeda virtual, reflete a vulnerabilidade de várias organizações, segundo os analistas.
Afetou, por exemplo, os controles no local do acidente nuclear de Chernobyl, o aeroporto de Kiev, o porto de Mumbai e escritórios de multinacionais, em particular na Europa e nos Estados Unidos.
Segundo afirma nesta quarta-feira a agência policial europeia Europol, esta nova onda de ataques é similar à produzida em maio pelo 'ramsomware' WannaCry, embora pareça "mais sofisticada", nas palavras do seu diretor Rob Wainwright.
Os ataques de maio e desta semana "ressaltam a importância de reforçar nossas defesas cibernéticas, e é o que estamos fazendo" afirmou nesta quarta-feira o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg.
A Aliança Atlântica decidiu há um ano que o ciberespaço se tornou um "âmbito operativo", o que significa que um ataque que ocorresse nesse âmbito poderia desencadear a ativação do artigo 5 do seu tratado, que prevê que os países ajudem um aliado alvo de agressão.
Para o Kremlin, este novo ataque confirma que "a existência de um perigo como esse exige uma cooperação em nível internacional". "Nenhum país pode enfrentar sozinho a ameaça de ciberataques", disse o porta-voz Dimitri Peskov.
Mais de 2.000 usuários foram afetados, inicialmente na Ucrânia e na Rússia, de acordo com a Kaspersky Labs. A empresa especializada em segurança virtual com sede na Rússia havia estimado em um primeiro momento que o vírus não era uma nova versão do vírus Petya, - que já operou no ano passado -, diferentemente do que opinam outros especialistas.
O ataque, que começou contra empresas ucranianas e a petrolífera russa Rosneft, afetou depois na Europa outras empresas mundiais, como a companhia de navegação dinamarquesa Maersk, o grupo alemão Beiersdorf, a empresa farmacêutica americana Merck, a francesa de materiais de construção Saint-Gobain e a britânica de publicidade WPP.
Os problemas da Maersk afetaram os portos de Mumbai, o maior da Índia, e de Rotterdam, o mais ativo da Europa, que teve que administrar manualmente a atividade dos contêineres.
- Chernobyl afetada -
Na Ucrânia, o primeiro-ministro, Volodymyr Groïsman, falou de um ataque "sem precedentes", e reforçou as medidas de combate ao terrorismo.
O governo ucraniano informou nesta quarta-feira que o ataque havia sido "contido". "A situação está sob controle dos especialistas em segurança cibernética, que trabalham para restaurar os dados perdidos", afirmou em um comunicado.
Os bancos do país tiveram problemas para atender seus clientes e realizar operações. Isso afetou o metrô de Kiev, que não pôde aceitar pagamentos com cartão "por culpa do ciberataque".
Este serviço voltou a funcionar nesta quarta-feira de manhã, bem como os painéis do principal aeroporto do país, Kiev-Borispol.
Na central de Chernobyl, onde ocorreu em abril de 1986 o pior desastre nuclear civil da história, a medição do nível de radiação era efetuada por técnicos e não por computador.
Em 12 de maio, outro 'ransomware', o vírus Wannacry, afetou centenas de milhares de computadores em todo o mundo, paralisando o serviço de saúde britânico e fábricas da montadora francesa Renault.
Seus autores também exigiam um resgate para desbloquear os aparelhos.
A empresa americana de antivírus Symantec atribuiu aquele ciberataque ao grupo de hackers Lazarus, suspeito de agir em conivência com a Coreia do Norte. Pyongyang desmentiu qualquer vínculo com o incidente.
Segundo outra empresa do setor, a McAfee, o novo vírus utiliza a mesma técnica que o WannaCry, mas acrescentando um dispositivo que permite infectar computadores equipados com corretores das falhas do Windows, que haviam facilitado sua contaminação.