A Coreia do Norte anunciou nesta terça-feira (4) que testou com sucesso um míssil balístico intercontinental (ICBM), o que representaria uma nova etapa crucial para alcançar o objetivo de ter a seu alcance o território dos Estados Unidos. O lançamento "histórico" do míssil Hwasong-14 foi supervisionado pelo líder do país, Kim Jong-Un, de acordo com um boletim de notícias especial da televisão estatal norte-coreana.
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O míssil alcançou uma altitude de 2.802 km e sobrevoou uma distância de 933 km, segundo a emissora.
O ministério da Defesa do Japão calculou que o míssil "alcançou uma altitude que superou 2.500 km, voou durante 40 minutos, percorreu 900 km e caiu no Mar do Japão". Em uma reação ao lançamento, o presidente americano Donald Trump questionou no Twitter: "Este cara não tem algo melhor para fazer com sua vida?", em referência ao líder norte-coreano Kim Jong-Un. "É difícil acreditar que Japão e Coreia do Sul vão suportar isto por muito mais tempo", completou.
Aliada histórica do regime norte-coreano, a China pediu "contenção" a todas as partes e esforços para superar de forma pacífica as tensões. O presidente chinês Xi Jinping, que viajou na segunda-feira (3) a Moscou, concordou com o colega russo Vladimir Putin sobre a necessidade de "diálogo e negociação", informou a agência estatal Xinhua.
Potência nuclear forte
A Coreia do Norte é uma "potência nuclear forte" dotada de um "ICBM muito poderoso que pode alcançar qualquer lugar do mundo", anunciou a televisão estatal do país. "O teste com êxito de um ICBM é um avanço maior na história de nossa república", completou a emissora. O canal exibiu imagens da ordem de Kim Jong-Un, com data de segunda-feira e escrita a mão, na qual o dirigente determina o teste.
A Coreia do Norte, que realizou cinco testes nucleares e dispõe de um pequeno arsenal atômico, tenta produzir mísseis ICBM alcançar o território americano. Pyongyang justifica os programas com a ameaça representada pelos Estados Unidos, país que mantém 28.000 soldados em bases na Coreia do Sul.
A escalada de tensão, no Dia da Independência dos Estados Unidos, acontece uma semana depois de um encontro de Trump com o novo presidente sul-coreano Moon Jae-In para examinar a "ameaça" do regime comunista. David Wright, analista da ONG Union of Concerned Scientists, afirmou que a Coreia do Norte conseguiu aumentar o alcance de seus mísseis e este último foguete, por suas características, poderia ter atingido "qualquer ponto do Alasca".
O Comando dos Estados Unidos no Pacífico informou que o míssil lançado a partir da terra, de médio alcance, não representou uma ameaça para o país. Após o encontro com o presidente sul-coreano na semana passada em Washington, Trump afirmou que a "ameaça" norte-coreana exigia uma "resposta firme". Pyongyang lançou vários mísseis desde a chegada ao poder de Moon, favorável a mais sanções para impedir que o país vizinho desenvolva seu arsenal nuclear, mas que também não fechou a porta ao diálogo.
Trump espera ação da China
Desde que chegou à Casa Branca, Trump tenta convencer a China a exercer uma influência maior para conter o governo da Coreia do Norte, mas até o momento este plano não apresentou resultados. "Talvez a China faça um movimento duro com a Coreia do Norte e acabe com este absurdo de uma vez por todas", escreveu em outro tuíte.
O porta-voz da diplomacia de Pequim, Geng Shuang, destacou algumas horas depois os "esforços incessantes" da China para resolver a crise. Nos últimos meses, Washington adotou medidas para demonstrar sua força militar, em reposta ao que foi considerado como uma tentativa agressiva de mostrar força por parte da Coreia do Norte.
O governo americano realizou no mês passado um teste de seu escudo antimísseis intercontinental.
Pela primeira vez, um foguete interceptor baseado em terra foi lançado da Califórnia, atingiu e destruiu um míssil balístico intercontinental disparado do meio do Pacífico. Em maio, a China testou um novo míssil no Mar de Bohai, perto da península coreana. Pyongyang tenta desenvolver um míssil balístico intercontinental com capacidade para transportar ogivas nucleares. Pacotes sucessivos de sanções impostos pela ONU desde um primeiro teste nuclear norte-coreano em 2006 não conseguiram dissuadir o país.