Mais de 100 mil migrantes e refugiados chegaram desde janeiro à Europa, cruzando o Mar Mediterrâneo, e 2.247 perderam a vida, ou desapareceram, nas águas ao tentar a travessia - anunciou a ONU em Genebra, em meio às tensões entre países que enfrentam a crise migratória.
Leia Também
Cerca de 85 mil chegaram ao litoral italiano, e outros 9.300, à Grécia, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM). Além disso, 6.300 desembarcaram na Espanha.
No total, a OIM calcula em 101.210 o número de migrantes.
Em 2016, nesse mesmo período (de 1º de janeiro a 3 de julho), as chegadas à Europa foram quase o dobro (231.503).
Agora, em 2017, a diferença é que quase 85% dos migrantes desembarcaram na Itália - em sua maioria procedentes da Líbia -, enquanto que, no ano passado, grande parte procurou a Grécia.
O diretor-geral da OIM, William Lacy Swing, pediu aos membros da União Europeia que ajudem os países do sul da Europa a acolher e dar assistência aos migrantes resgatados no mar.
"Este assunto não pode ser visto como um problema somente da Itália, e sim como uma questão que afeta toda a Europa", enfatizou.
Na segunda-feira (3), o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur) afirmou que os migrantes são um peso insuportável para a Itália e pediu um sistema de distribuição entre os países europeus.
Para isso, seria necessário colocar em funcionamento um mecanismo regional de desembarque de migrantes, segundo ele.
"Não é algo realista que a Itália tenha toda a responsabilidade de se ocupar do desembarque de todo o mundo", disse à imprensa o enviado especial do Acnur para o Mediterrâneo Central, Vincent Cochetel, pedindo mais solidariedade a todos.
No domingo (2), a Itália fez um apelo aos demais países europeus para que abram seus portos às embarcações que socorrem os migrantes, de modo a reduzir o peso dessa responsabilidade sobre Roma.
Dos 3.000 migrantes que morreram em todo o planeta desde o início do ano, mais de 2.200 faleceram quando tentavam chegar à Europa.
Pior crise desde Segunda Guerra Mundial
Os ministros do Interior da UE se reúnem nesta quinta-feira (6), na capital da Estônia, Tallin, para debater a crise dos migrantes. Trata-se da mais grave dessa natureza no continente desde a Segunda Guerra Mundial.
Em 2015, a UE adotou a decisão de distribuir 160 mil solicitantes de asilo entre diferentes países do bloco. Apenas 20 mil foram realocados, porém, já que vários países do Leste Europeu - especialmente Hungria, República Tcheca e Polônia - se recusaram a participar da operação.
Na segunda-feira (3), a Áustria anunciou que vai impor controles de fronteira em breve e que posicionará soldados em sua fronteira com a Itália, se o fluxo de migrantes no Mediterrâneo não sofrer uma redução.
O chanceler italiano convocou o embaixador da Áustria depois desse anúncio.
"Por causa das declarações do governo da Áustria sobre o envio de tropas para a passagem de Brenner", na fronteira entre os dois países, o secretário-geral da Chancelaria convocou o embaixador da Áustria em Roma, anunciou o Ministério italiano das Relações Exteriores, em uma nota.
A Áustria ativou os controles em sua fronteira com a Hungria em 2015 e preparou medidas físicas, como barreiras, em sua fronteira com a Itália.