Brasil, México e Argentina, os três países latino-americanos integrantes do G20, chegam à reunião de cúpula em Hamburgo, que começa nesta sexta-feira (7), com desafios e objetivos distintos, mas com a mesma vontade de avançar em questões-chave para suas economias.
Brasil, abalado pela corrupção
O Brasil, a maior economia do continente latino-americano, chega a Hamburgo muito abalado pelas acusações de corrupção contra o presidente Michel Temer.
Após anunciar o cancelamento da viagem à Alemanha, Temer mudou de ideia e decidiu participar da reunião de cúpula, provavelmente para tentar proteger a imagem internacional do Brasil após a viagem do mês passado à Rússia e à Noruega, marcada por desencontros.
O país está emergindo da pior recessão de sua história. Mas a profunda crise política lança dúvidas sobre a recuperação econômica.
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Argentina, em busca de investimentos
Após declarar o "fim do isolamento" da Argentina na reunião do G20 na China, no ano passado, o presidente Mauricio Macri quer seguir divulgando as reformas defendidas por seu governo e buscando novos investimentos.
O novo chanceler argentino, Jorge Faurie, nomeado em junho, prometeu que a Argentina daria um olhar renovado ao G20, cuja presidência vai assumir em dezembro.
Na agenda também está o acordo que o Mercosul (bloco formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) há anos tenta fechar com a União Europeia e que poderia ser concluído no fim deste ano.
Macri também terá reuniões bilaterais com o presidente francês Emmanuel Macron e a primeira-ministra britânica Theresa May, em que vão tratar, entre outros assuntos, dos soldados enterrados sem identificação nas Ilhas Malvinas desde a guerra de 1982.
México, comércio e cara a cara com Trump
A delegação mexicana, liderada pelo presidente Enrique Peña Nieto, chega em um momento de tensões diplomáticas com os Estados Unidos, marcadas pela questão migratória e pelo projeto do presidente Donald Trump de construir um muro na fronteira entre os dois países e fazer o México pagar por ele.
Por isso, será crucial o encontro entre Peña Nieto e Trump, à margem da reunião, ainda que nas últimas horas a chancelaria mexicana tenha tentado reduzir as expectativas em torno do encontro.
"Não esperamos que seja uma reunião para resolver assuntos de fundo", disse na última quarta-feira o secretário de Exterior do México, Luis Videragay, em entrevista à cadeia Televisa. Ele anunciou que os mandatários não vão conversar sobre o muro, "porque não é um tema da relação bilateral" que definiu como não amistoso.
Para o México, o G20 servirá para dar continuidade às conversas sobre uma de suas maiores prioridades, a complexa renegociação do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), que deve começar em meados de agosto. Uma "caixa de Pandora", nas palavras do secretário de Economia mexicano, Ildefonso Guajardo, que crucial para a economia do país.