França e Alemanha estão em sintonia, conforme demonstrado nesta quinta-feira (13) em Paris, onde Angela Merkel e Emmanuel Macron concordaram em desenvolver uma nova geração de aviões de combate e em trabalhar juntos para dar força à Europa.
O anúncio foi feito após um encontro de ministros franceses e alemães em Paris.
Além de uma série de medidas acordadas entre os ministros de Economia, Cultura e Educação, a proposta de desenvolver juntos aviões de combate é uma mostra de sua ambição conjunta de dar um novo alento ao motor franco-alemão depois do Brexit.
"O objetivo desse projeto comum de um avião de combate é realizarmos juntos a pesquisa e o desenvolvimento, usá-lo de maneira conjunta e coordenar as exportações", afirmou o presidente francês, garantindo que a iniciativa é uma "profunda revolução".
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Atualmente, a Europa fabrica dois aviões de combate: o Rafale, da francesa Dassault, e o Eurofighter, produzido por um consórcio de empresas da Alemanha, Reino Unido, Itália e Espanha.
Macron também fechou um acordo para a Alemanha contribuir para o financiamento da força regional antiterrorista conjunta apoiada por Paris, chamada d G-5 Sahel, formada por soldados de Mauritânia, Chade, Mali, Níger e Burkina Faso.
Eleito em 7 de maio passado, Macron aspira por uma renovação histórica do bloco europeu, com integração maior nos setores de defesa, segurança e imigração.
O francês pró-UE quer criar um ministério de Finanças, um Parlamento e um orçamento próprio para a zona do euro. Para isso, seria preciso fazer mudanças nos tratados atuais.
Mas, a três meses das eleições legislativas da Alemanha, vai ser difícil para Paris e Berlim avançarem significativamente nos temas, que são impopulares entre a opinião pública alemã.
"Não tenho nada contra um orçamento para a zona do euro e podemos conversar sobre a criação de Ministério europeu de Finanças", apontou Merkel, cujo partido União Democrática Cristã (CDU) é favorito no pleito.
Unidos contra Trump
Os dois líderes europeus destacaram também sua posição em comum sobre o comércio e a luta contra as mudanças climáticas, dois temas em que discordam do presidente dos Estados Unidos Donald Trump, que também está em Paris nesta quinta-feira (13) para encontrar Macron.
O presidente francês disse que Paris e Berlim "vão continuar lutando, por um lado, contra todo o protecionismo, por outro, contra qualquer intenção de dumping no sistema internacional".
Ele ainda disse que ambos se opõem firmemente à decisão de Trump de sair do Acordo de Paris.
O Brexit e a chegada de Trump à Casa Branca deram um novo fôlego à UE.
O bloco criou, no mês passado, um fundo europeu de defesa, com um orçamento anual de 6,1 bilhões de dólares, criando as bases para uma cooperação militar há muito estagnada.
O florescimento da relação franco-alemã reflete essa nova dinâmica, ainda que existam divergências.
Macron advertiu que a Alemanha deve "se mexer" para corrigir as disfunções da zona do euro.
O mandatário francês espera que a Alemanha, com superávit comercial e contas públicas saudáveis, contribua para o orçamento do bloco. O valor será usado para estimular a expansão e os investimentos nos países com alto nível de desemprego.
"A França deve reformar sua economia para ter mais vigor", disse Macron em entrevista ao jornal Ouest-France. Mas a Alemanha "deve acompanhar uma reativação dos investimentos públicos e privados na Europa", completou.