O presidente iraniano, Hassan Rouhani, afirmou nesta quarta-feira (19) que Teerã responderá "da maneira apropriada" às sanções anunciadas no dia anterior pelos Estados Unidos, garantindo ainda que cumprirá o acordo nuclear assinado com as principais potências mundiais.
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Na terça-feira (18), Washington aprovou novas sanções contra o Irã por seu programa de mísseis balísticos e por seu comportamento "pernicioso" no Oriente Médio, mas decidiu manter o acordo de restrição nuclear, conhecido como "Joint Comprehensive Plan of Action" (JCPOA).
O chamado P5+1 foi firmado em 14 de julho de 2015 pelo Irã e pelas grandes potências - Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha.
Em função do acordo, Teerã se comprometeu a reduzir durante dez anos suas atividades nucleares sensíveis, em troca da suspensão parcial e progressiva das sanções internacionais que sufocam sua economia.
"A República Islâmica do Irã irá respeitar seus compromissos internacionais", garantiu Rouhani em declaração diante de seus ministros e transmitida pela televisão.
Mas, advertiu, se os Estados Unidos "querem impor novas sanções sob qualquer pretexto, a nação iraniana responderá de maneira apropriada".
"Não perdoaremos as violações cometidas pelos americanos", frisou.
Em um contexto de grande tensão nas relações entre Washington e a República Islâmica xiita, os Departamentos americanos de Estado e do Tesouro anunciaram na terça (18) novas sanções jurídicas e financeiras contra 18 pessoas e entidades iranianas ligadas ao programa de mísseis balísticos e aos Guardiães da Revolução, força de elite do regime.
Em resposta, a Chancelaria iraniana condenou a decisão "sem sustentação" de Washington, pela qual "vai sancionar em contrapartida indivíduos e entidades americanas que tenham atuado contra o povo iraniano e contra outros povos muçulmanos", segundo um comunicado.
Já o Parlamento iraniano abriu um procedimento para votar uma lei que reforça o programa de mísseis balísticos e a Força Qods da Guarda da Revolução. O objetivo é combater as ações "terroristas" e o "aventureirismo" de Washington.
Rouhani acusou os Estados Unidos de manterem uma política "ambígua".
"Por um lado, (o governo americano) envia relatórios oficiais ao Congresso, confirmando que o Irã respeita plenamente o acordo nuclear, enquanto, por outro, impõe novas sanções com base em justificativas contrárias à lógica e ao espírito" do acordo.
O presidente iraniano também acusou o americano Donald Trump de romper os acordos internacionais sobre Cuba, Coreia do Norte e mudança climática.
De acordo com Rouhani, os Estados Unidos tentam forçar "o Irã a abandonar seus compromissos" e "estão preocupados, diante das melhorias dos laços econômicos entre Irã, Ásia e Europa".
"Estamos satisfeitos com ver que até agora o Grupo 5+1 [dos países signatários do acordo nuclear] defende" o texto e sua aplicação, concluiu.