A Rússia ordenou aos Estados Unidos que reduzam a presença diplomática em seu território, em resposta às novas sanções adotadas pelo Congresso americano, as quais configuram uma prova de "russofobia" - anunciou o Ministério das Relações Exteriores em um comunicado divulgado nesta sexta-feira (28).
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De acordo com a nota, Moscou pediu a Washington que, a partir de 1º de setembro, reduza para 455 o pessoal de sua embaixada e de seus consulados na Rússia. Além disso, impede a utilização, por parte da representação diplomática dos Estados Unidos, de uma residência na periferia da capital russa e de armazéns.
Com essa redução, o número de representantes americanos estará no mesmo nível que o de funcionários russos nos Estados Unidos, afirmou o Ministério, que se "reserva o direito" de anunciar novas medidas.
O chanceler russo Sergei Lavrov declarou, no entanto, ao secretário de Estado americano Rex Tillerson que a Rússia "segue disposta" a cooperar com os Estados Unidos, desde que haja "respeito mútuo".
Em conversa por telefone com Tillerson, "Lavrov confirmou que (a Rússia) segue disposta a uma normalização das relações bilaterais com os Estados Unidos e uma cooperação sobre assuntos importantes da agenda internacional", indicou o ministério russo em um comunicado.
Na quinta-feira (27), o Senado americano adotou novas sanções contra a Rússia por sua suposta ingerência na eleição presidencial de 2016.
Criticado por Moscou e pela União Europeia, já que pode prejudicar algumas de suas empresas, o texto legislativo será agora submetido ao presidente Donald Trump, que poderá sancioná-lo, ou vetá-lo.
A votação no Congresso americano "mostra que as relações com a Rússia se tornaram reféns das lutas de política doméstica nos Estados Unidos", denunciou o Ministério russo.
"Apesar dos permanentes ataques de Washington, nós agimos de maneira responsável e com contenção e vamos continuar a agir", acrescentou.
"Os últimos acontecimentos mostram, porém, que a russofobia e a busca de confrontação estão muito arraigadas em certos círculos" em Washington, considera o Ministério.
O embaixador americano em Moscou, John Tefft, "expressou sua grande decepção e protestou" após o anúncio das medidas russas, disse à AFP uma porta-voz da embaixada americana.
A porta-voz não quis informar o número de diplomatas americanos e funcionários em serviço atualmente na Rússia. Citada pela agência de notícias Interfax em Moscou, uma fonte anônima apontou que a redução do pessoal americano deve provocar a partida de centenas de pessoas.
Risco de humilhação
Com as novas sanções, os congressistas americanos querem, em primeiro lugar, infligir represálias após uma campanha russa de desinformação e de ciberataques durante a eleição presidencial americana de novembro. A anexação da península da Crimeia em 2014 e o envolvimento no conflito no leste da Ucrânia são outras razões que levaram às punições.
O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, comemorou o resultado da votação no Senado, o qual marca, segundo ele, um apoio frente ao "agressor" russo.
O texto americano também sanciona Irã e Coreia do Norte, o que fez Pequim alertar que a China vai-se opor a qualquer medida que possa atingir seus interesses.
Em tese, Donald Trump, que tenta melhorar as relações com a Rússia, pode vetar o projeto do Congresso, mas essa atitude seria arriscada e uma solução de curta duração.
Para superar o veto, bastaria ao Congresso votar o texto novamente com uma maioria de dois terços. Em geral, os presidentes evitam essa humilhação.
O texto também prevê um novo mecanismo que desagrada a Casa Branca: os parlamentares se reservam o direito de intervir, caso Donald Trump decida suspender as sanções em vigor contra a Rússia.
Em visita à Finlândia na quinta-feira (27), o presidente russo, Vladimir Putin, advertiu que Moscou iria responder à "insolência" dos Estados Unidos.
Putin considerou que "estamos vendo um aumento da histeria antirrussa", acrescentando que "é muito triste que as relações russo-americanas sejam sacrificadas" por razões de política interna, em referência a uma "batalha entre o presidente Donald Trump e seus opositores políticos".
A União Europeia também reagiu ao anúncio das sanções americanas. Hoje, a Comissão Europeia disse que está "observando o processo muito de perto, com grande atenção".
Buxelas teme o impacto das sanções nas empresas energéticas europeias. Na quarta-feira (26), o presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker, anunciou sua disposição para "atuar", caso as preocupações europeias não sejam levadas em conta.