O líder norte-coreano Kim Jong-Un afirmou neste sábado (29) que após o teste bem sucedido de um míssil balístico intercontinental "todo o território continental dos Estados Unidos" está a seu alcance, incluindo, segundo alguns especialistas, cidades como Nova York.
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A ameaça preocupa o governo dos Estados Unidos a ponto de o Pentágono ter começado a mencionar de maneira explícita uma resposta militar, enquanto a China pede moderação a todas as partes.
Com o disparo na sexta-feira de um míssil balístico intercontinental (MBIC), a Coreia do Norte voltou a desafiar o presidente americano Donald Trump, que chamou a ação de "temerária e perigosa" e ordenou, em resposta, exercícios militares conjuntos com a Coreia do Sul.
Kim Jong-Un afirmou que o teste demonstrou a capacidade da Coreia do Norte de executar um ataque "em qualquer lugar e momento".
"O líder disse orgulhoso que o teste confirmou ainda que todo o território continental dos Estados Unidos está agora a nosso alcance", completou a agência oficial norte-coreana KCNA.
Pyongyang afirmou que o teste foi um sucesso. O míssil percorreu 998 quilômetros durante 47 minutos, atingindo uma altitude de 3.724 km. Analistas ocidentais calcularam que o alcance do míssil é de quase 10.000 quilômetros, o que ameaça efetivamente o território americano.
"Com base na informação que dispomos, o míssil testado hoje pela Coreia do Norte poderia facilmente alcançar a costa oeste dos Estados Unidos e várias grandes cidades norte-americanas", disse o especialista em armamento David Wright, da ONG Union of Concerned Scientists.
Los Ángeles, Denver ou Chicago poderiam estar dentro do raio de impacto do míssil, que poderia inclusive chegar a Boston ou Nova York, completou Wright.
"Os Estados Unidos condenam o teste e rejeitam o argumento do regime de que estes testes e estas armas garantirão a segurança da Coreia do Norte. Na realidade, têm o efeito oposto", advertiu Trump em um comunicado.
O míssil foi lançado de Mup'yong-ni e percorreu sua trajetória até cair no Mar do Japão, segundo o Pentágono, em uma nova escalada na crise internacional com o regime comunista.
EUA e Coreia do Sul iniciam exercícios militares
Estados Unidos e Coreia do Sul iniciaram exercícios militares conjuntos utilizando mísseis terra-terra ATACMS (Army Tactical Missile System) e o míssil sul-coreano Hyunmoo II, de acordo com o exército americano.
O exercício conjunto aconteceu depois que fontes do Departamento de Defesa indicaram que Estados Unidos e Coreia do Suk estavam examinando "opções de resposta militar".
Além disso, Seul anunciou neste sábado que cogita acelerar a instalação, suspensa em junho, do escudo antimísseis americano THAAD (Terminal High Altitutd Area Defense) em seu território, apesar da grande oposição de Pequim.
Pyongyang provocou alarme mundial em 4 de julho quando testou seu primeiro ICBM, que segundo especialistas poderia atingir o Alasca, o que gerou tensão na Ásia e uma disputa de Washington, Tóquio e Seul com a China, último grande aliado de Pyongyang.
O secretário americano de Estado, Rex Tillerson, declarou que "como principais facilitadores econômicos do programa de desenvolvimento de armas nucleares e mísseis balísticos" da Coreia do Norte, "China e Rússia têm a única e particular responsabilidade por esta crescente ameaça à estabilidade da região e do planeta".
China eleva o tom e pede moderação as partes
A China reagiu com um breve comunicado de sua chancelaria no qual condena o disparo do míssil e faz um apelo por moderação a todas as partes.
"A China se opõe às violações pela Coreia do Norte das resoluções da ONU (...) Ao mesmo tempo, espera que todas as partes envolvidas deem mostras de prudência e evitem aprofundar as tensões na península", aforma a nota do ministério das Relações Exteriores.
No Japão, um dos países mais expostos à ameaça norte-coreana, o chefe da diplomacia Fumio Kishida afirmou que conversou por telefone com Tillerson e ambos concordaram em "pressionar o máximo possível" Pyongyang, com uma nova resolução do Conselho de Segurança da ONU, que até o momento aprovou seis pacotes de sanções a Pyongyang, "que inclua medidas severas" e "trabalhando com China e Rússia".
O míssil norte-coreano "caiu em nossa zona econômica exclusiva, no Mar do Japão", sem provocar danos, afirmou o porta-voz do primeiro-ministro Shinzo Abe. Ele convocou o conselho de segurança nacional, assim como o presidente sul-coreano, Moon Jaen-In.