Os opositores venezuelano Leopoldo López e Antonio Ledezma, que se encontravam em prisão domiciliar, foram enviados à prisão comum porque supostamente planejavam fugir e devido a suas declarações de teor político, informou o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ).
"Recebemos por fontes da inteligência oficial informação que devam conta (sic) de um plano de fuga desses cidadãos, pelo que e com a urgência do caso, foram ativados os procedimentos de resguardo correspondentes", assinalou o TSJ em uma nota de imprensa.
López e Ledezma, os presos mais emblemáticos da oposição venezuelana, foram retirados de suas residências na madrugada desta terça-feira por agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin), de acordo com o TSJ, depois que foi "verificado o não cumprimento das condições impostas para que permanecessem sob prisão domiciliar".
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"As condições impostas a López não permitiam que fizesse nenhum tipo de proselitismo político, isto em razão da Sentença Definitivamente Firme que pesa contra ele, que tem como pena adicional sua inabilitação política pelo tempo que durar a pena imposta", indicou o TSJ.
No caso de Ledezma, prefeito de Caracas, tinh "a obrigação de abster-se de emitir declarações ante qualquer meio".
Os dois opositores publicaram vídeos em que pediam aos venezuelanos que não votassem na eleição de domingo passado de uma Assembleia Constituinte, convocada pelo presidente Nicolás Maduro, por considerá-la uma fraude.
Nos vídeos também convocaram o prosseguimento dos protestos que exigem a saída de Maduro, após quatro meses de manifestações que deixaram 125 mortos.
Leopoldo López
Líder da ala radical da oposição, este economista de 46 anos, com mestrado em Harvard, foi condenado a quase 14 anos de prisão acusado de incitar à violência nos protestos contra o governo que deixaram 43 mortos e 878 feridos em 2014.
Fundador do partido Vontade Popular, López fez carreira como adversário do falecido presidente Hugo Chávez (1999-2013).
Foi prefeito do município de Chacao (2000-2008) - um dos mais ricos de Caracas -, onde projetou uma imagem de dinamismo e eficiência que o colocou como possível candidato presidencial, mas acabou perdendo seus direitos políticos em duas ocasiões.
Casado com a ex-apresentadora de TV Lilian Tintori e pai de dois filhos, López voltou à prisão militar de Ramo Verde, na periferia de Caracas, onde passou três anos e cinco meses antes de receber autorização para ir para casa em 8 de julho por motivos de saúde.
O ex-chefe do Governo espanhol José Luis Rodríguez Zapatero teria intercedido para que cumprisse prisão domiciliar.
Antonio Ledezma
O prefeito de Caracas, de 62 anos, foi detido em fevereiro de 2015, acusado de conspiração e associação para delinquir. Em abril daquele ano, obteve o benefício da prisão domiciliar por razões de saúde, depois de ser operado de uma hérnia inguinal.
O experiente político, advogado de profissão, formado nas fileiras do partido Ação Democrática, foi deputado do extinto Congresso (1984-1992), governador do antigo Distrito Federal (1992-1993), senador (1994-1996) e prefeito do município de Libertador em duas ocasiões (1996-2000).
A Promotoria pediu que fosse condenado a 16 anos de prisão por "supostamente apoiar grupos que pretendia desestabilizar o país através de ações violentas".
É casado com Mitzy Capriles e tem três filhos.