O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, promulgou nesta quarta-feira (2) a lei aprovada no Congresso que impõe novas sanções econômicas contra a Rússia, tomando distância do texto "muito imperfeito", segundo ele, e que pode sabotar os esforços de uma aproximação com Moscou.
As sanções, que atingem principalmente o setor energético russo, visam punir Moscou por sua suposta interferência nas eleições americanas de 2016, bem como pela anexação da Crimeia e seu envolvimento no conflito no leste da Ucrânia.
A lei promulgada pelo presidente americano também sanciona o Irã e a Coreia do Norte.
Além da resposta imediata de Moscou, o texto despertou críticas da União Europeia, que teme prejuízos ao fornecimento de gás, e que denunciou uma ação unilateral que pode atingir algumas empresas ligadas à Rússia.
O executivo americano não escondeu suas reservas antes da adoção das novas sanções pelo Congresso. Mas os congressistas decidiram, por uma maioria esmagadora, aplicar as sanções ao seu tradicional adversário.
Os legisladores introduziram ainda um mecanismo que os permitiria fazer valer a lei mesmo em caso de veto do presidente republicano, deixando-o sem alternativa.
A lei também confere aos congressistas o direito de intervir caso Trump decida suspender as sanções vigentes contra a Rússia.
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Crítica
Trump considerou o texto "gravemente imperfeito", por considerar que impede uma aproximação destes países.
"Ao limitar a margem de manobra do Executivo, esta lei limita a capacidade dos Estados Unidos de concluir bons acordos para o povo americano e vai aproximar a China, a Rússia e a Coreia do Norte", alesrtou o presidente em uma nota divulgada pela Casa Branca.
"Portanto, apesar dos problemas, eu promulgo este lei em nome da unidade nacional. Ela representa a vontade do povo americano de ver a Rússia adotar medidas para melhorar as relações com os Estados Unidos", acrescentou.
No geral, Trump promulga leis em cerimônias no Salão Oval, na presença de legisladores e da imprensa. Desta vez, assinou o texto a portas fechadas, longe de testemunhas.
O Kremlin anunciou que a assinatura por parte do presidente americano da nova bateria de sanções contra a Rússia "não muda nada", segundo declaração do porta-voz oficial, Dmitri Peskov.
"De fato, isso não muda nada" afirmou o porta-voz, citado por agências russas. Peskov lembrou que a Rússia "já tomou medidas em represália" diante destas sanções.
Desde que assumiu o poder, o governo de Trump tem sido afetado pelas denúncias de cumplicidade de seu comitê de campanha com a Rússia para derrotar a democrata Hillary Clinton.
À frente da Casa Branca, Trump tentou melhorar publicamente as relações com a Rússia, o que, por fim, não se concretizou.
No último domingo, o presidente russo Vladimir Putin anunciou que 755 diplomatas deveriam deixar o território russo em resposta à adoção das novas sanções.
Com essa medida, os dois países teriam o mesmo número de diplomatas em suas respectivas representações, 455 pessoas.
"As relações entre os dois países estão em seu pior nível desde o fim da Guerra Fria, e podem piorar ainda mais", ressaltou na terça-feira o secretário de Estado americano Rex Tillerson.
Ele deve se reunir com o seu colega russo Serguei Lavrov no final de semana, à margem de um encontro em Manilla.