A Coreia do Norte enfrentará uma enxurrada de críticas por seu programa nuclear e balístico durante o fórum sobre segurança da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) que começa neste fim de semana em Manila, no qual os Estados Unidos esperam conseguir uma condenação unânime contra Pyongyang.
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Os ministros das Relações Exteriores das principais potências envolvidas nos esforços contra as ambições nucleares do dirigente norte-coreano, Kim Jong-un, estarão presentes na capital filipina. É uma oportunidade única para reuniões reservadas sobre a crise.
China e Estados Unidos diferem sobre a melhor maneira de responder ao segundo lançamento norte-coreano de míssil balístico intercontinental (ICBM). Feito na semana passada, esse teste reforça os temores da comunidade internacional sobre as capacidades de ataque norte-coreanas.
Em Manila, o secretário de Estado americano, Rex Tillerson, buscará reforçar as pressões diplomáticas sobre Pyongyang. Segundo uma de suas colaboradoras, Washington quer obter novas sanções da ONU contra a Coreia do Norte.
"O que esperamos durante a reunião desta semana é um coro unânime de condenação à atitude provocadora da Coreia do Norte", declarou em Washington a secretária assistente interina do Escritório para Assuntos do Pacífico e do Leste Asiático do Departamento de Estado, Susan Thornton.
O fórum anual da Asean reúne os chefes da diplomacia de 26 países e da União Europeia para abordar questões de segurança na região Ásia-Pacífico.
Segundo o projeto de resolução da Presidência da Asean obtido pela AFP, este ano, seus membros manifestarão sua "grave preocupação" com os testes de mísseis norte-coreanos.
Código de boa conduta
O rascunho da resolução, a qual deve ser divulgada na segunda-feira (7) no final da reunião, antecipa que Pyongyang manterá sua habitual postura desafiadora. O país será representado por seu ministro das Relações Exteriores, Ri Yong-ho.
Segundo Susan Thornton, Tillerson não terá qualquer reunião direta com o chanceler norte-coreano em Manila.
O secretário americano deve ter, porém, encontros com outros representantes das "negociações a seis" (China, Rússia, Japão e Coreia do Sul). As discussões estão em ponto morto há vários anos.
Na sexta e no sábado, os dez ministros da Asean também tratarão de outras questões sensíveis, como as reivindicações de Pequim sobre a quase totalidade do mar da China Meridional, inclusive sobre áreas próximas à costa de outros membros dessa organização, como Vietnã, Filipinas, Malásia e Brunei.
Nos últimos anos, Pequim reforçou sua presença nesse mar estratégico, construindo ilhas artificiais suscetíveis de admitir bases militares.
A Asean dará sinal verde para um código de boa conduta no mar da China, iniciado por Pequim, pedindo o início "o mais rápido possível" de negociações para alcançar um pacto oficial sobre esse assunto.
Tanto Manila quanto Pequim consideram que é um passo importante, mas os analistas veem nele apenas uma etapa secundária após 15 anos de negociações.
"Um código de boa conduta vale apenas se for respeitado, e estamos longe de ver sua aplicação", avalia o analista Ei Sun Oh, da Escola S. Rajaratnam de Estudos Internacionais de Cingapura.
Desde que chegou ao poder em 2016, o presidente filipino, Rodrigo Duterte, busca suavizar as relações com a China para atrair milhões de dólares em ajuda e em investimento.