VENEZUELA

Maduro conduz nesta sexta a instalação de sua Assembleia Constituinte

Dotados de poderes ilimitados por tempo indefinido, mais de 500 constituintes ligados ao governo começarão os trabalhos na Venezuela

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Publicado em 04/08/2017 às 9:32
Foto: RONALDO SCHEMIDT / AFP
Dotados de poderes ilimitados por tempo indefinido, mais de 500 constituintes ligados ao governo começarão os trabalhos na Venezuela - FOTO: Foto: RONALDO SCHEMIDT / AFP
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O presidente venezuelano Nicolás Maduro conduz nesta sexta-feira (4) a instalação de sua Assembleia Constituinte, apesar das dúvidas sobre a transparência de sua eleição, o amplo repúdio internacional e os protestos opositores que denunciam o fim da democracia na Venezuela.

Dotados de poderes ilimitados por tempo indefinido, mais de 500 constituintes ligados ao governo começarão os trabalhos no Salão Elíptico do Palácio Legislativo, dominado pela maioria opositora.

Protesto da oposição na Venezuela

A oposição, por sua vez, anunciou uma marcha em Caracas, o que faze temer novos episódios de violência.

"Que não haja provocações, nem se caia em provocações", pediu Maduro na noite de quinta-feira, ao assegurar que tudo está pronto para a Constituinte começar a funcionar.

Começa na Venezuela uma nova etapa simbolizada na volta, ao Palácio Legislativo, dos retratos do falecido presidente socialista Hugo Chávez (1999-2013), que  a oposição tirou quando assumiu o controle do Parlamento em janeiro de 2016.

A Procuradoria venezuelana, por sua vez, já pediu à Justiça para anular a instalação, já que é alvo de uma investigação por fraude.

A solicitação foi feita por dois procuradores a um tribunal de controle pelo "suposto cometimento de crimes durante o processo eleitoral", depois da denúncia da Smartmatic - empresa que deu suporte tecnológico às eleições - de que houve "manipulação" dos dados de participação fornecidos pelo Comissão Nacional Eleitoral.

Segundo o órgão eleitoral, votaram oito milhões de pessoas, mas, de acordo com o cálculo da Smartmatic, votou um milhão a menos, o que foi rechaçado pela presidente do CNE, Tibisay Lucena, como uma afirmação "sem fundamento".

O dado de participação era chave para a legitimidade da Constituinte, depois que a oposição assegurou ter obtido 7,6 milhões de votos contra a iniciativa em um plebiscito simbólico, realizado em 16 de julho.

A oposição, que qualificou a denúncia de "terremoto", assegura que compareceram apenas três milhões de eleitores.

Na quarta-feira, a procuradora-geral, Luisa Ortega, havia anunciado uma investigação sobre dois reitores do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) por suposta fraude nas eleições, o que considerou um "fato escandaloso".

"Estamos diante de um fato inédito, grave, que constitui delito", disse à rede CNN Ortega, chavista que se rebelou contra Maduro, a quem acusa de ter uma "ambição ditatorial".

Mas o governo sustenta, no entanto, que a Constituinte vai recuperar a paz e resgatará a combalida economia do país petroleiro, castigado por uma severa escassez de alimentos e medicamentos, e uma inflação brutal. Segundo a Cepal, o PIB cairia 7,2% este ano.

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