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Mortes por ondas de calor podem multiplicar por 50 na Europa até 2100

O balanço de vítimas seria especialmente elevado no sul temperado da Europa

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Publicado em 04/08/2017 às 21:46
Foto: ROMAIN LAFABREGUE / AFP
O balanço de vítimas seria especialmente elevado no sul temperado da Europa - FOTO: Foto: ROMAIN LAFABREGUE / AFP
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As mortes devido ao clima extremo na Europa podem aumentar em 50 vezes até o fim do século, de cerca de 3.000 para 152.000 por ano, se o aquecimento global não for freado, disseram pesquisadores em um estudo que será publicado no sábado (29).  O balanço de vítimas seria especialmente elevado no sul temperado da Europa, onde as mortes devido ao aumento das temperaturas devem aumentar de 11 por milhão de pessoas para cerca de 700 por milhão por ano, escreveram os pesquisadores na revista The Lancet Planetary Health. 

As ondas de calor serão responsáveis por cerca de 99% das futuras mortes relacionadas com o clima - mais de 151.000 do total anual em 2100, em comparação com as cerca de 2.700 por ano registradas recentemente. 

"A menos que o aquecimento global seja controlado com urgência e medidas adequadas de adaptação sejam tomadas, cerca de 350 milhões de europeus podem ser expostos a climas prejudiciais por anual até o final deste século", afirmou o estudo, baseado em previsões pessimistas do aumento de temperaturas. 

Os pesquisadores analisaram registros de eventos relacionados com o clima na Europa - incluindo os 28 membros da União Europeia mais a Suíça, a Noruega e a Islândia - de 1981 a 2010, chamado de "período de referência". 

Em seguida, compararam isso com as projeções de crescimento populacional e migração, bem como com as previsões de futuras ondas de calor, ondas de frio, incêndios florestais, secas, inundações e vendavais. 

"Descobrimos que as catástrofes relacionadas com o clima podem afetar cerca de dois terços da população europeia anualmente até o ano de 2100", escreveram quatro pesquisadores da Comissão Europeia. 

Isso se traduz para cerca de 351 milhões de pessoas expostas por ano, em comparação com as cerca de 25 milhões por ano no período de referência, quando representavam apenas 5% da população. 

A exposição significa qualquer coisa desde doença, lesão e morte devido a um evento climático extremo, até perder uma casa ou ter "estresse pós-evento", disseram os autores.

Projeções "superestimadas"

As mortes por ondas de calor devem aumentar 5.400%, as inundações costeiras 3.780%, os incêndios florestais 138%, as cheias fluviais 54%, e os vendavais 20%. As mortes por ondas de frio diminuirão em cerca de 98%, mas isso não é "suficiente para compensar os outros aumentos", segundo os pesquisadores. 

As mudanças climáticas são responsáveis ??por 90% da previsão adicional de mortes relacionadas ao clima na Europa, disse a equipe.  O crescimento da população representa os outros 10%, juntamente com a migração para zonas costeiras e cidades propensas a riscos.

Para o estudo, a equipe se baseou em uma taxa de emissões de gases de efeito estufa que provocaria um aquecimento global médio de 3º C até 2100 a partir dos níveis de 1990. 

O Acordo de Paris, assinado por 195 nações em 2015, busca limitar o aquecimento global abaixo de 2ºC em relação aos níveis anteriores à Revolução Industrial, quando a queima de combustíveis fósseis teve início. 

Os pesquisadores também não previram medidas adicionais para aumentar a resiliência humana aos desastres climáticos. Em um comentário sobre o estudo, Jae Young Lee e Ho Kim, da Universidade Nacional de Seul, disseram que essas projeções "podem ser superestimadas". 

"Sabe-se que as pessoas se adaptam e se tornam menos vulneráveis ??do que anteriormente às condições climáticas extremas devido aos avanços na tecnologia médica, no ar condicionado e no isolamento térmico das casas", escreveram em um comentário publicado pela revista. 

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