O "C-Star", um barco fretado por militantes europeus de extrema direita para lutar contra o tráfico de migrantes na costa da Líbia, permanecia bloqueado nesta segunda-feira (7) frente ao litoral da Tunísia, onde um poderoso sindicato convocou que se impeça seu abastecimento no país.
"A todos os agentes e empregados dos portos tunisianos: não deixem que o barco do racismo 'C-Star' manche os portos de Túnis. Expulsem-no como fizeram seus irmão em Zarzis e Sfax" (duas cidades costeiras do país)", postou no Facebook o sindicato UGTT, que foi Prêmio Nobel da Paz em 2015 junto com outras três organizações.
Não foi possível entrar em contato, nesta segunda, com os militantes alemães, franceses e italianos a bordo da embarcação. Segundo páginas on-line de vigilância do tráfego marítimo, o navio estava detido no limite das águas tunisianas, ao sudeste de Sfax.
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Bloqueio
No domingo (6), vários pescadores se mobilizaram no porto de Zarzis, mais ao sul, para evitar que o "C-Star" atracasse.
O grupo ultraconservador "Geração Identitária" fretou o navio no Djibuti, depois de arrecadar US$ 200 mil na Internet, desde o início de maio. Desde o começo de sua missão "Defendamos a Europa", a viagem foi acidentada.
As autoridades egípcias retiveram o barco por uma semana no canal de Suez para revistá-lo em busca de armas. E, depois de sua chegada ao porto cipriota de Famagusta no mês passado, vários membros de sua tripulação abandonaram a embarcação e pediram asilo na Europa - exatamente o tipo de situação que a iniciativa pretende evitar.
Na sequência, depois de serem dissuadidos de atracar em portos da Grécia, ou da Sicília, o "C-Star" navegou do Chipre até águas líbias, onde perseguiu, no sábado, pelo menos dois barcos de ONGs. Nessa área, mais de 14.000 migrantes morreram, ou desapareceram, desde 2014.
Os militantes do "Geração Identitária" querem que os migrantes resgatados na costa da Líbia sejam devolvidos para a África.