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Trump ameaça novamente a Coreia do Norte com ação militar

''As soluções militares estão posicionadas, travadas e carregadas, caso a Coreia do Norte não aja sabiamente'', disse o presidente americano

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Publicado em 11/08/2017 às 9:03
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''As soluções militares estão posicionadas, travadas e carregadas, caso a Coreia do Norte não aja sabiamente'', disse o presidente americano - FOTO: Foto: NICHOLAS KAMM / AFP
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O presidente dos Estados Unidos Donald Trump afirmou nesta sexta-feira (11) que a opção militar contra a Coreia do Norte está "travada e carregada", usando termos militares em sua escalada verbal contra o regime de Pyongyang.

"As soluções militares estão posicionadas, travadas e carregadas, caso a Coreia do Norte não aja sabiamente. Esperamos que Kim Jong Un encontre um outro caminho!", tuitou Trump.

Na quinta-feira (10), Trump reafirmou sua ameaça à Coreia do Norte, que declarou abertamente sua intenção de disparar mísseis contra a ilha americana de Guam, no Pacífico.

O presidente dos Estados Unidos disse que a Coreia do Norte "deveria estar muito, muito nervosa. Porque vão lhe acontecer coisas que nunca pensou serem possíveis". 

"Melhor a Coreia do Norte ficar esperta ou vai estar em problemas como poucas nações estiveram em problemas neste mundo, ok"?

O secretário da Defesa, Jim Mattis, advertiu que uma guerra contra a Coreia do Norte seria "catastrófica" e que os esforços diplomáticos estão rendendo frutos.

"O esforço americano é conduzido pela diplomacia, tem uma tração diplomática, está conseguinto resultados diplomáticos, e eu quero permanecer nessa dinâmica", disse Mattis durante um evento na Califórnia.

Pyongyang apresentou mais cedo seu plano para disparar quatro mísseis contra Guam, posição estratégica dos Estados Unidos na região, em uma ação que qualificou de "advertência" a Trump.

O general norte-coreano Kim Rak Gyom informou que em meados de agosto deve estar pronto o plano de ataque a Guam, que consiste em lançar quatro mísseis que sobrevoariam o Japão, e que será apresentando para a aprovação do líder Kim Jong-Un.

O plano de ataque à ilha, importante reduto estratégico dos Estados Unidos na região, é destinado a enviar "uma advertência" já que, segundo Pyongyang, com Trump "só funciona a força absoluta".

A declaração norte-coreana foi divulgada após alguns tuítes de Trump que elogiavam o arsenal nuclear americano, "mais forte e poderoso do que nunca".

Nesta semana, Trump surpreendeu ao enviar uma mensagem dirigida a Kim Jong-Un que parecia calcada na retórica habitual de Pyongyang, ao ameaçar a Coreia do Norte com "uma enxurrada de fogo e fúria jamais vista no mundo".

Esta guerra de palavras em torno do programa nuclear norte-coreano gera temor de que um erro de cálculo provoque consequências catastróficas na península coreana ou em outros locais.

"Espero que nunca tenhamos que usar esse poder", disse Trump, após a sua advertência ao regime de Kim Jong-Un, que ameaça atacar o território americano com seus mísseis nucleares.

Longe de apaziguar a situação, o secretário americano de Defesa, Jim Mattis, pediu que a Coreia do Norte "detenha" o desenvolvimento de armas nucleares e pare de fomentar ações que levem "ao fim de seu regime e à destruição de seu povo".

Em sintonia com os tuítes de Trump, o chefe do Pentágono minimizou o poderio militar de Pyongyang, afirmando que "perderia qualquer corrida armamentista ou conflito que começasse" com os Estados Unidos.

Pressão internacional 

Trump avaliou que a China poderia fazer "muito mais" para pressionar Pyongyang a acabar com seu programa de armas nucleares.

"Acho que a China pode fazer muito mais" para deter as ambições nucleares da Coreia do Norte, disse o  presidente sobre o principal aliado econômico da Coreia do Norte, que no sábado passado votou as novas sanções adotadas pelo Conselho de Segurança da ONU contra Pyongyang por seu programa de mísseis.

A União Europeia (UE) anunciou nesta quinta-feira que ampliará a lista de sanções contra a Coreia do Norte, acrescentando nove pessoas e quatro entidades, após as repetidas violações por Pyongyang das resoluções da ONU sobre os seus programas nuclear e balístico.

Há alguns dias, a pedido de Washington, a ONU endureceu as sanções feitas a Pyongyang por seu programa nuclear, que poderia custar ao regime norte-coreano um bilhão de dólares anuais.

A China exortou que evitem "as palavras e os atos suscetíveis" de agravar a situação, enquanto Berlim pediu "moderação" às partes. A França, por sua vez, elogiou a "determinação" de Trump ante Pyongyang.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, se mostrou "preocupado", e pediu por meio de seu porta-voz que reduzam as tensões e apelem para a diplomacia.

O porta-voz do governo japonês, Yoshihide Suga, advertiu que o seu país "jamais poderá tolerar as provocações" norte-coreanas, e pediu que Pyongyang "leve a sério as reiteradas advertências da comunidade internacional, acate as resoluções da ONU e se abstenha de realizar novas provocações".

Calma e preocupação em Guam 

Por enquanto, a administração Trump descarta uma "ameaça iminente" para o estratégico enclave militar de Guam, onde conta com 6.000 soldados, e outros objetivos americanos, confiando que a pressão diplomática irá prevalecer.

"Acho que os americanos devem dormir bem, sem nenhuma preocupação sobre esta particular retórica dos últimos dias", disse o chefe da Diplomacia americana, Rex Tillerson, após justificar a "mensagem forte" do presidente Trump como "uma linguagem que Kim Jong-Un pode compreender".

A remota e paradisíaca ilha de Guam, de apenas 550 km2 e onde vivem 162.000 pessoas, em sua maioria dedicados ao turismo, permanecia calma diante da ameaça norte-coreana. O governador, Eddie Calvo, minimizou os atos de Pyongyang, mas assinalou que o território está "preparado para qualquer eventualidade".

"Não é que haja algo que possamos fazer realmente, esta é uma ilha pequena, não há para onde correr", disse o morador James Cruz à AFP, da capital Hagåtña.

A retórica de Trump tem apresentado uma escalada em relação a Pyongyang, após dois testes bem-sucedidos de mísseis balísticos intercontinentais (ICBM) por parte do regime de Kim Jong-Un.

O primeiro teste, descrito pelo líder norte-coreano como um presente aos "bastardos americanos", mostrou que o dispositivo poderia alcançar o Alasca. O segundo sugeriu que poderia chegar até Nova York.

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