O Parlamento iraniano respondeu às últimas sanções impostas pelos Estados Unidos, votando neste domingo (13) um aumento significativo dos recursos para seu programa balístico e para seu setor militar encarregado das operações no exterior, no total de pouco mais de meio bilhão de dólares.
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Em um contexto de crescente atrito entre ambos os países desde a chegada de Donald Trump à Casa Branca, em janeiro deste ano, os deputados votaram - por esmagadora maioria - medidas para destinar 260 milhões de dólares para o "desenvolvimento do programa de mísseis" e uma quantia equivalente para a Força Qods, o braço externo dos Guardiães da Revolução (o Exército de elite do governo), informa a agência oficial de notícias Irna.
Em meados de julho, os EUA impuseram novas sanções jurídicas e financeiras contra pessoas e entidades iranianas ligadas ao programa balístico, proibido por uma resolução da ONU, assim como aos Guardiães da Revolução.
No final desse mesmo mês, o Congresso americano votou sanções contra Teerã, acusando o país de desenvolver seu programa balístico, de violar os direitos humanos e de apoiar grupos classificados como "terroristas" por Washington. Entre eles, está o Hezbollah libanês.
O Departamento de Estado americano considera o Irã o "Estado número 1 em apoio ao terrorismo" no mundo.
Reciprocidade
"Os americanos têm de saber que se trata apenas da nossa primeira ação", advertiu o presidente do Parlamento, Ali Larijani, após anunciar a votação das medidas para "confrontar as ações terroristas e aventureiras dos Estados Unidos na região".
Sem oposição, 240 deputados (dos 244 presentes) votaram a favor do projeto de lei. Depois do anúncio dos resultados, alguns parlamentares gritaram "Morte aos Estados Unidos". Agora, o texto precisa ser ratificado pelo Conselho dos Guardiães da Constituição.
O projeto votado hoje "é apoiado pelo Ministério das Relações Exteriores e pelo governo", disse neste domingo o vice-ministro iraniano das Relações Exteriores e negociador dos acordos do Irã com as grandes potências sobre o programa nuclear iraniano, Abas Araghchi.
"Faz parte de uma série de medidas propostas pelo comitê de supervisão do JCPOA (Joint Comprehensive Plan of Action) para enfrentar a recente lei do Congresso americano", acrescentou Araghchi.
O JCPOA é o nome do acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano firmado em Viena, em 14 de julho de 2015, entre o Irã e o P5+1. Este grupo é formado pelos cinco países integrantes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Rússia e China), além de Alemanha.
Donald Trump critica este acordo com frequência e já o classificou como "horrível". Por enquanto, não fala em sua anulação.
Sem relações diplomáticas com os Estados Unidos desde 1980, o Irã garante que as últimas sanções americanas representam uma "violação" do acordo.
O texto votado hoje no Parlamento iraniano considera "todas as forças militares e dos serviços de Inteligência americanos como grupos terroristas" por seu "apoio implícito e explícito a grupos terroristas" e "a ditaduras e regimes que violam os direitos humanos fundamentais" no Oriente Médio.
O projeto de lei solicita à Chancelaria que publique uma lista com as pessoas que serão punidas para que seus bens sejam confiscados, e suas transações financeiras, bloqueadas, excluindo-se os delatores que revelarem "atividades ilegais, crimes, torturas e fraudes eleitorais" dos Estados Unidos.