A oposição venezuelana rompeu o silêncio neste domingo (13), ao rechaçar, de forma sutil, as declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o qual afirmou, na última sexta-feira (11), que uma "opção militar" na Venezuela não estava descartada.
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A Mesa da Unidade Democrática (MUD), uma coalizão de quase três dezenas de partidos opositores, emitiu um comunicado, onde se posicionou contra "o uso da força por parte de qualquer país na Venezuela". O comunicado marcou a primeira vez em que a aliança opositora e seus líderes se referiram às declarações de Trump, embora não tenham mencionado diretamente o presidente americano.
Trump expressou, na sexta-feira, que não descarta uma possível ação militar an Venezuela, no momento em que o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, consolida seu poder, após a instalação da Assembleia Constituinte, que tem como função reescrever a Constituição do país. A comunidade internacional, incluindo vários países da região, temem que, com uma nova Constituição, o governo de Maduro transforme o sistema político e econômico venezuelano para convertê-lo em um sistema autoritário.
No comunicado, a MUD concentra suas críticas à "presencia e interferência de Cuba nos assuntos internos da Venezuela", o que havia sido permitido pelo ex-presidente Hugo Chávez e, agora, por Maduro. "Não pode haver moral dupla. Não se pode condenar uma ameaça enquanto o país sangra com as políticas entreguistas", acrescentou o documento. "A Venezuela tem anos de intervenção militar e política por parte de Cuba, o que afeta não só a nossa soberania e independência, como também constitui uma das principais causas de violência e repressão por parte do governo."
Anteriormente, os adversários de Maduro consideraram como uma amostra de apoio por parte dos EUA as sanções impostas a mais de 30 funcionários do governo venezuelano, entre eles, o presidente Nicolás Maduro. Muitas das sanções estavam relacionadas com acusações de violação dos direitos humanos durante os protestos contra o governo, que deixaram ao menos 122 mortos e quase 2 mil feridos desde abril.
Muitos temem que as declarações de Trump acabem fortalecendo as repetidas acusações do presidente da Venezuela de que seu governo é vítima de uma conspiração apoiada pelos EUA para desestabilizar sua administração e tirá-lo do poder, além de ajudar a agravar a severa crise política, econômica e social do país.
No sábado, o Ministério de Relações Exteriores venezuelano condenou "as declarações bélicas" de Trump e acusou Washington de atuar com "disposição imperial" e "vocação neocolonial" na América. Outros alegam que Maduro usa a ameaça de Trump para aumentar as ações contra seus adversários políticos.
"Trump deu a Maduro a desculpa perfeita para perseguir e justificar qualquer arbitrariedade contra a oposição", disse Luis José Mejí, de 38 anos, que, junto a cerca de 30 pessoas, fazia fila em frente a uma farmácia para comprar papel higiênico e creme dental, em um sinal do agravamento da crise social no país.