As denúncias da ex-procuradora-geral da Venezuela Luisa Ortega, que nesta quarta-feira disse em Brasília ter provas que ligam o presidente Nicolás Maduro e outros funcionários de alto escalão ao caso Odebrecht, carecem de "validade legal", assegurou seu sucessor, Tarek William Saab.
"Carece de toda validade o que pode ser dito por uma ex-procuradora-geral que em quase 10 anos não impulsionou nenhuma ação contra nenhuma das pessoas das quais agora ela fala. Agora sim vai falar? Depois que foi embora em um iate, em aviões particulares? [...] Não tem nenhuma validade legal", declarou Saab em coletiva de imprensa.
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Ortega, que diz ser vítima de uma perseguição política, saiu da Venezuela em um iate em direção a Aruba e depois embarcou em uma aeronave alugada para a Colômbia, onde chegou na sexta-feira. Na terça-feira, viajou para Brasília a fim de comparecer a uma reunião de procuradores do Mercado Comum do Sul (Mercosul).
No encontro desta quarta-feira, a ex-procuradora acusou Maduro e outros dois poderosos dirigentes do governo, Diosdado Cabello e Jorge Rodríguez, de envolvimento no escândalo de propinas da empreiteira Odebrecht.
Em coletiva posterior, Ortega assegurou contar com "muitas provas" de sua denúncia e que as compartilhará com Brasil, Estados Unidos, Colômbia e Espanha para investigações.
"Teria validade legal se essas supostas provas tivessem sido apresentadas ante o sistema de justiça" venezuelano, expressou Saab, que qualificou os assinalamentos como "propaganda para difamar".
Na terça-feira, Maduro anunciou que solicitará à Interpol uma ordem de captura internacional contra ela e seu marido, Germán Ferrer, acusados de dirigir uma rede de extorsão no Ministério Público.
Saab assinalou Ortega por "negligência" em casos de narcotráfico, corrupção e direitos humanos, enquanto desconsiderou suas gestões em fóruns internacionais.
Há "uma espécie de tour mundial que vai de ilhas do Caribe à Colômbia, da Colômbia ao Brasil, do Brasil para não sei aonde [...]. Teria que ver quem banca essas viagens", comentou.
Asilo
Após sua chegada a Bogotá, o governo de Juan Manuel Santos ofereceu asilo a Ortega. Depois de participar da reunião de procuradores do Mercosul, retornará para solo colombiano.
Ortega, chavista que se rebelou contra Maduro, era procuradora desde dezembro de 2007 e foi destituída em 5 de agosto pela Assembleia Constituinte que rege o país como um poder absoluto, órgão que nomeou Saab no mesmo dia.