Manifestação

Militares venezuelanos em manobras sob forte tensão com governo Trump

Centenas de milhares de militares venezuelanos realizarão neste fim de semana manobras ordenadas pelo presidente Nicolás Maduro.

AFP
Cadastrado por
AFP
Publicado em 25/08/2017 às 15:38
Foto: AFP
Centenas de milhares de militares venezuelanos realizarão neste fim de semana manobras ordenadas pelo presidente Nicolás Maduro. - FOTO: Foto: AFP
Leitura:

Centenas de milhares de militares venezuelanos realizarão neste fim de semana manobras ordenadas pelo presidente Nicolás Maduro, em meio a uma crescente tensão com o governo de Donald Trump, que ameaçou com uma ação militar e impôs nesta sexta-feira (25) novas sanções financeiras.

Com um intenso envio de tanques de guerra e soldados, práticas de tiro, incluindo atiradores de elite, sobrevoo de aeronaves e outras ações, cerca de 200.000 efetivos da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) e outros 700.000 milicianos, reservistas e civis participarão do "Exercício soberania bolivariana 2017".

"Mais de 900.000 combatentes. Nunca antes a FANB esteve mais coesa, mais unida. Este exercício vai nos permitir passar para uma nova fase de alerta, de atitude para o combate defensivo", afirmou o chefe do Comando Estratégico Operacional, Remigio Ceballos, rodeado de soldados.

Maduro assegurou que "nunca antes a Venezuela havia sido ameaçada de tal maneira", ao se referir à afirmação de Trump que não descarta a opção militar para resolver a crise no país sul-americano e aplica sanções financeiras.

Bloqueio econômico e naval 

Os Estados Unidos impuseram recentemente sanções financeiras e jurídicas a Maduro e a cerca de 20 de seus funcionários, mas nesta sexta-feira a Casa Branca ditou as primeiras medidas sobre o país: a proibição de negociar novas dívidas do governo venezuelano e da petroleira estatal PDVSA.

Antes da decisão de Washington, Maduro realizou na quinta-feira à noite uma troca de postos para enfrentar as sanções econômicas, nomeando Nelson Martínez como novo presidente da PDVSA e Eulogio Del Pino como ministro do Petróleo.

O presidente dá por feito que, em breve, os Estados Unidos aplicarão um bloqueio econômico e naval contra a Venezuela, que abriga as maiores reservas de petróleo do mundo e exporta a esse país 42% dos 1,9 milhão de barris de petróleo que produz diariamente.

Ovelhas desgarradas 

A Força Armada, com 365.000 efetivos, com armamento de origem chinesa e russa, e grande poder político e econômico, é o principal pilar do governo socialista, cuja gestão é rechaçada, segundo a empresa Datanálisis, por 80% dos venezuelanos.

Reunido com o alto comando militar, Maduro lançou na noite de quinta-feira uma clara mensagem às tropas: "estão com Trump e o imperialismo ou estão com a FANB e a pátria".

"Devemos ter claro, sobretudo a juventude militar, que temos que fechar fileiras com a pátria, que não é tempo de nenhuma fissura e que o duvidoso deve sair da Força Armada", sentenciou.

No início de agosto, cerca de 20 homens, deles pelo menos três oficiais, invadiram um forte em Valencia e roubaram armas, o que segundo especialistas deixou aparente o mal-estar na classe média, embora governo e cúpula militar descartem divisões.

Em maio, o opositor Henrique Capriles assegurou que 85 soldados, sargentos e capitães foram detidos por dissentir da "repressão" a protestos opositores, que deixaram 125 mortos entre abril e julho.

Últimas notícias