Centenas de milhares de militares venezuelanos realizarão neste fim de semana manobras ordenadas pelo presidente Nicolás Maduro, em meio a uma crescente tensão com o governo de Donald Trump, que ameaçou com uma ação militar e impôs nesta sexta-feira (25) novas sanções financeiras.
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Com um intenso envio de tanques de guerra e soldados, práticas de tiro, incluindo atiradores de elite, sobrevoo de aeronaves e outras ações, cerca de 200.000 efetivos da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) e outros 700.000 milicianos, reservistas e civis participarão do "Exercício soberania bolivariana 2017".
"Mais de 900.000 combatentes. Nunca antes a FANB esteve mais coesa, mais unida. Este exercício vai nos permitir passar para uma nova fase de alerta, de atitude para o combate defensivo", afirmou o chefe do Comando Estratégico Operacional, Remigio Ceballos, rodeado de soldados.
Maduro assegurou que "nunca antes a Venezuela havia sido ameaçada de tal maneira", ao se referir à afirmação de Trump que não descarta a opção militar para resolver a crise no país sul-americano e aplica sanções financeiras.
Bloqueio econômico e naval
Os Estados Unidos impuseram recentemente sanções financeiras e jurídicas a Maduro e a cerca de 20 de seus funcionários, mas nesta sexta-feira a Casa Branca ditou as primeiras medidas sobre o país: a proibição de negociar novas dívidas do governo venezuelano e da petroleira estatal PDVSA.
Antes da decisão de Washington, Maduro realizou na quinta-feira à noite uma troca de postos para enfrentar as sanções econômicas, nomeando Nelson Martínez como novo presidente da PDVSA e Eulogio Del Pino como ministro do Petróleo.
O presidente dá por feito que, em breve, os Estados Unidos aplicarão um bloqueio econômico e naval contra a Venezuela, que abriga as maiores reservas de petróleo do mundo e exporta a esse país 42% dos 1,9 milhão de barris de petróleo que produz diariamente.
Ovelhas desgarradas
A Força Armada, com 365.000 efetivos, com armamento de origem chinesa e russa, e grande poder político e econômico, é o principal pilar do governo socialista, cuja gestão é rechaçada, segundo a empresa Datanálisis, por 80% dos venezuelanos.
Reunido com o alto comando militar, Maduro lançou na noite de quinta-feira uma clara mensagem às tropas: "estão com Trump e o imperialismo ou estão com a FANB e a pátria".
"Devemos ter claro, sobretudo a juventude militar, que temos que fechar fileiras com a pátria, que não é tempo de nenhuma fissura e que o duvidoso deve sair da Força Armada", sentenciou.
No início de agosto, cerca de 20 homens, deles pelo menos três oficiais, invadiram um forte em Valencia e roubaram armas, o que segundo especialistas deixou aparente o mal-estar na classe média, embora governo e cúpula militar descartem divisões.
Em maio, o opositor Henrique Capriles assegurou que 85 soldados, sargentos e capitães foram detidos por dissentir da "repressão" a protestos opositores, que deixaram 125 mortos entre abril e julho.