A guerra de sanções e represálias entre Rússia e Estados Unidos se agravou nesta sexta-feira depois que Moscou acusou Washington de querer fazer buscas no consulado russo em San Francisco, após ordenar seu fechamento antes do sábado.
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"A ameaça das autoridades americanas criou uma ameaça direta para a segurança de seus cidadãos russos", declarou a porta-voz da Chancelaria, Maria Zakharova, em um comunicado.
"Os serviços especiais americanos têm a intenção de realizar, em 2 de setembro, uma batida no consulado de San Francisco, incluindo os apartamentos dos funcionários", completa a porta-voz, acrescentando que as buscas serão realizadas pelo FBI (a Polícia Federal americana).
O governo dos Estados Unidos ordenou o fechamento, antes do fim de sábado, do consulado russo de San Francisco e das missões comerciais em Washington e Nova York, em resposta à drástica redução de 755 diplomatas e funcionários, russos e americanos, na Rússia, ordenada no final de julho por Vladimir Putin em reação às novas sanções econômicas aprovadas por Washington.
A presença diplomática americana ficou limitada a 455 pessoas, as mesmas que trabalham na representação russa nos Estados Unidos.
No começo de agosto, os Estados Unidos tiveram que deixar de utilizar dois edifícios diplomáticos situados na periferia da capital russa depois que o Kremlin suspendeu a permissão de uso.
Para Washington, o fechamento das missões diplomáticas russas responde ao princípio de "paridade" citado pela Rússia e não deveria, portanto, implicar "novas represálias", mas Moscou lamentou rapidamente uma "escalada" na disputa diplomática "iniciada" pelos Estados Unidos.
O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, declarou nesta sexta-feira que seu país se reservava o direito de responder a esta medida "depois de ter analisado" a situação, culpando o governo Trump pela deterioração das relações diplomáticas.
"Toda esta história foi lançada pela administração Obama para prejudicar as relações russo-americanas e não permitir que Trump as tirasse do atoleiro", considerou.
Segundo Lavrov, o Congresso e a classe dirigente americana "tentam atar os pés e as mãos [do governo Trump], inventar, digamos, uma ingerência russa, um vínculo entre ele e a Rússia, entre sua família e a Rússia". "Não há nem um só fato" que justifique essas acusações, garantiu.
- 'Compromisso' -
Apesar de a chegada de Donald Trump à Casa Branca em janeiro ter indicado uma melhoria das relações entre as potências rivais, elas se deterioraram, com acusações contra a Rússia de ter interferido nas eleições presidenciais americanas de 2016.
O secretário de Estado americano Rex Tillerson conversou por telefone na quinta-feira com seu homólogo russo, Serguei Lavrov, e ambos se reunirão em setembro, provavelmente à margem da Assembleia Geral da ONU em Nova York.
"Não buscamos nos aborrecer com os Estados Unidos [...] e queremos, verdadeiramente, que o clima político volte à normalidade", declarou lAVROV nesta sexta-feira. "Mas para um tango, são necessários dois, e nosso parceiro tem se lançado, sem parar, em uma dança solitária", ironizou.
Contudo, Lavrov prometeu que buscará uma "aproximação baseada no respeito mútuo" e que chegaria a um "compromisso" com Washington.
Tudo parece indicar que as relações entre Moscou e Washington estão em um nivel ainda mais baixo do que no governo de Barack Obama, que expulsou 35 diplomatas russos e suas famílias no final de 2016, mas sem represálias por parte do Kremlin.
Diante da nova situação, Moscou nomeou um novo embaixador em Washington, Anatoli Antonov, conhecido por ser partidário de uma linha dura e por demonstrar uma profunda desconfiança de seus interlocutores americanos.