Benjamin Netanyahu inicia nesta segunda-feira (11) na Argentina a primeira visita à América Latina de um primeiro-ministro em exercício desde a fundação do Estado de Israel, com o objetivo de promover relações comerciais e diplomáticas.
Netanyahu se reunirá em um encontro privado nesta segunda (11) com a comunidade judaica argentina, de cerca de 300 mil membros, a segunda maior das Américas atrás da dos Estados Unidos.
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Sob rigorosas medidas de segurança, Netanyahu chegou ao meio-dia no aeroporto internacional de Ezeiza, 30 km ao sul de Buenos Aires, juntamente com sua esposa, Sara, e uma delegação de 30 empresários.
Na terça-feira (12), ele será recebido pelo presidente Maurício Macri na sede do governo, a Casa Rosada, a única atividade de sua agenda aberta à imprensa.
Netanyahu receberá arquivos digitais com dezenas de milhares de documentos da Segunda Guerra Mundial, informou a Agência de Notícias Judaica.
Trata-se da transferência eletrônica para Israel de 139.544 documentos e fotografias históricas como parte de uma iniciativa conjunta da Chancelaria argentina e do Museu do Holocausto dos Estados Unidos.
A visita marca o início de um giro que se estenderá até 15 de setembro e que inclui escalas em Colômbia e México, antes de Nova York, onde Netanyahu participará da Assembleia Geral da ONU.
Pelas vítimas
Nesta segunda-feira (11) à tarde, o primeiro-ministro participará de uma homenagem às vítimas do atentado à embaixada de Israel em Buenos Aires cometido em 17 de março de 1992, e que deixou 29 mortos.
Também prestará homenagem às 85 vítimas fatais e centenas de feridos no ataque em 1994 contra a associação judaica AMIA. Os dois crimes continuam impunes.
Israel acusa o movimento xiita libanês Hezbollah de ter sido o responsável pelo atentado contra a embaixada.
Os investigadores argentinos acusaram cinco ex-políticos iranianos de estarem por trás do do atentado na Amia. O Irã nega envolvimento.
Em Buenos Aires também realizará um encontro bilateral com o presidente do Paraguai, Horacio Cartes, que viajará na terça-feira especialmente para se encontrar com o chefe de Estado.
Netanyahu e Cartes vão discutir os avanços nas negociações entre o Mercosul e a União Europeia.
Apoio e repúdio
A influente organização DAIA, representação política da comunidade judaica argentina, deu as boas-vindas a Netanyahu.
"Celebramos a aproximação entre a Argentina e Israel e expressamos nosso desejo de ver um fortalecimento do vínculo que une estas duas nações aliadas", destacou a organização em um comunicado.
No lado oposto, o prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel repudiou a visita israelense.
"Ele é acusado de cometer crimes contra a humanidade no Tribunal Penal Internacional por matar civis bombardeando escolas, hospitais e mesquitas palestinas. Além disso, protege um repressor da última ditadura argentina", declarou Pérez Esquivel.
O Nobel argentino citou a recusa de Israel de extraditar o militar argentino Teodoro Anibal Gauto, alvo de um mandado de captura internacional da Interpol e acusado de cometer crimes contra a humanidade na última ditadura militar do país (1976-83).
A visita de Netanyahu vai alterar o ritmo na capital argentina, com ruas bloqueadas para o trânsito e um forte esquema de segurança no centro da cidade.
Organizações humanitárias e partidos de esquerda anunciaram para terça-feira (12) uma passeata em repúdio à presença do primeiro-ministro israelense.
"Vamos marchar em repúdio à presença deste genocida e em solidariedade ao povo palestino", anunciou na semana passada Tilda Rabi, presidente da Federação das Entidades argentino-palestinas.