O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) afirmou que até 400 mil membros da minoria muçulmana rohingya fugiram da violência recente em Mianmar e entraram em Bangladesh. O Unicef divulgou o balanço atualizado em comunicado nesta quinta-feira, no qual destaca a "tarefa monumental" de proteger centenas de milhares de crianças entre os refugiados. A agência da ONU solicitou US$ 7,3 milhões para proteger as crianças dessa minoria ao longo dos próximos quatro meses.
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Parlamentares da União Europeia, por sua vez, exigiram que as forças de segurança de Mianmar interrompam a violência contra os rohingya, enquanto milhares deles continuam a fugir nesta quinta-feira. O Parlamento Europeu adotou uma resolução pedindo ao país asiático que "interrompa imediatamente as mortes, o assédio e o estupro do povo rohingya e a queima da casa deles". Também solicitou que grupos de ajuda humanitária tenham acesso imediato à área e às pessoas em fuga.
Os congressistas europeus se dirigiram ao governo de Mianmar e à líder do país, Aung San Suu Kyi, para "condenar inequivocamente todo incitamento ao ódio racial e religioso e a combater a discriminação social e as hostilidades". Eles lembraram que Suu Kyi já levou em 1990 o Prêmio Sakharov por sua defesa aos direitos humanos, às minorias e pelo respeito à lei internacional. Ela também já levou o Nobel da Paz.
Grupo insurgente rohingya cujos ataques de 25 de agosto contra postos da polícia geraram as semanas de violência e retaliação dos militares de Mianmar, o Exército de Salvação Arakan Rohingya (ARSA) nega qualquer vínculo com o extremismo islâmico ou com grupos terroristas internacionais e diz que não quer se envolver nesse conflito. O ARSA afirmou em comunicado desejar que os países ajudem a evitar que combatentes estrangeiros entrem no Estado de Rakhine, em Mianmar.
Resposta
O comunicado dos insurgentes foi uma aparente resposta a relatos de que a Al-Qaeda estaria pedindo a militantes muçulmanos de todo o mundo que apoiem o ARSA ou se unam à luta do grupo. O governo de Mianmar descreve o ARSA como "terroristas extremistas", mas não divulgou publicamente evidências de seus supostos vínculos com grupos de fora do país. O líder do ARSA, Ata Ullah, teria nascido no Paquistão e foi educado na Arábia Saudita. O ARSA sustenta que luta para proteger os muçulmanos rohingya da perseguição da maioria budista do país.
Também nesta quinta-feira, a polícia de Bangladesh informou que mais um barco com 40 mulheres e crianças da minoria que fugiam de Mianmar naufragou no rio Naf. Pelo menos duas pessoas morreram, enquanto as demais conseguiram nadar até a costa de Bangladesh. A polícia já recuperou no total 88 corpos do rio que divide os dois países.
Cenas de pânico foram vistas nesta quinta-feira em rodovias onde voluntários locais distribuíam água, alimentos e outros suprimentos para os refugiados na região. "Há uma falta grave de tudo, mas especialmente de abrigo, alimento e água limpa", disse Edouard Beigbeder, representante do Unicef.