Rússia e Irã, aliados do regime de Damasco, e a Turquia, que apoia os rebeldes, anunciaram nesta sexta-feira (15) um acordo para controlar conjuntamente as forças de manutenção da ordem na zona de distensão de Idlib, no norte da Síria.
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Os três países disponibilizarão de forças de controle de distensão na região de Idlib e em algumas partes das regiões de Latakia, Hama e Aleppo, no norte do país, segundo um comunicado divulgado depois de dois dias de negociações em Astana, capital do Cazaquistão.
Estas forças terão como missão prevenir incidentes e enfrentamentos entre as forças governamentais e os combatentes rebeldes, que controlam majoritariamente a região de Idlib, fronteira com a Turquia e vizinha da província costeira de Latakia, reduto do regime.
A cidade de Idlib passou no final de julho para o controle dos extremistas da ex-facção da Al-Qaeda na Síria, depois da retirada de um grupo rebelde rival.
O emissário do Kremlin em Astana, Alexandre Lavrentiev, saudou este acordo como uma "etapa final" na criação das quatro zonas de desescalada na Síria, assegurando que elas "vão criar um verdadeiro caminho para o fim do derramamento de sangue".
Lavrentiev reconheceu, no entanto, que ainda "há um longo caminho a percorrer para reforçar a confiança" entre o regime e a oposição.
Já o emissário de Damasco em Astana, Bashar al-Jaafari, considerou as negociações como um "sucesso". "Nós apoiamos toda iniciativa que faça parar o derramamento de sangue e sofrimento na Síria, independente de onde quer que seja".
"As forças do presidente Assaf e as milícias (pró-governo) não estarão presentes em nenhuma parte da zona de desescalada (de Idleb) e não terão qualquer papel nas áreas sob o nosso controle", garantiu, por sua vez, a delegação rebelde.
Nas rodadas anteriores das negociações em Astana, ficou decidida a criação de quatro zonas de distensão na Síria nas regiões de Idlib (noroeste), Homs (centro), em Guta Oriental, perto de Damasco, e no sul do país.
A Rússia já posicionou sua polícia militar em várias destas zonas para permitir a instauração de um cessar-fogo permanente.
O processo de paz de Astana se centra nos temas militares e técnicos, e se realiza de maneira paralela ao de Genebra, que discute as questões políticas.
O enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, fez um apelo nesta sexta-feira para que as partes em conflito "utilizam a oportunidade surgida em Astana" para ampliar as negociações em busca de uma solução política para o conflito.
"Nenhuma zona de desescalada pode ser preservada sem um processo político exaustivo", ressaltou.
Mais de 330.000 pessoas - 100.000 civis - morreram desde o início da guerra na Síria em 2011, segundo a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).