Alemanha

Pesquisas apontam para um quarto mandato de Angela Merkel

Instituto indica 36% das intenções de voto para Merkel

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Publicado em 20/09/2017 às 19:02
Foto: ODD ANDERSEN / AFP
Instituto indica 36% das intenções de voto para Merkel - FOTO: Foto: ODD ANDERSEN / AFP
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Uma nova vitória da chanceler Angela Merkel nas eleições legislativas de 24 de setembro parece inevitável, mas há uma grande incerteza sobre quais serão seus aliados de governo nos próximos anos.

As pesquisas indicam uma cômoda vitória para a dirigente conservadora, no poder desde 2005, embora seu partido esteja perdendo terreno na reta final. 

O instituto Insa deu a Merkel na terça-feira (20) 36% das intenções de voto ao seu partido democrata-cristão, CDU, muito à frente dos social-democratas de Martin Schulz (22%), cuja campanha em torno ao tema da justiça social não consegue mobilizar ao eleitorado em um país que flerta com o pleno emprego. 

Caso consigam o resultado antecipado pelas pesquisas, os conservadores alemães estarão perto do nível alcançado durante sua derrota em 1998 (35,1%) e deverão buscar um ou vários aliados.

"Digo a todo mundo que essas eleições ainda não estão decididas", avisou Merkel nesta terça-feira no canal RTL, insistindo que "cada voto conta". 

Ascensão dos extremos
 

Espera-se que a Câmara dos Deputados fique muito fragmentada após as eleições, com pelo menos seis partidos representados, o que não acontece desde 1990. 

Entre esses partidos, a esquerda radical e a direita nacionalista e anti-imigração da Alternativa para Alemanha (AfD), o primeiro partido desse tipo a entrar no Parlamento desde 1945, tem pelo menos 10% de intenção de voto, segundo as pesquisas. 

"Não sabemos realmente que tipo de governo vamos ter, o suspense político acabará após o voto do domingo", explica Sudha David-Wilp, analista do German Mashall Fund. 

Ao AfD e à esquerda radical, ambos excluídos de uma possível aliança com o CDU, resta a opção de prolongar a aliança direita-esquerda com os social-democratas, o que desagrada grande parte das bases do SPD e da opinião públixa, ou um acordo com os dois últimos partidos que devem entrar no Bundestag: os liberais do FDP e os Verdes. 

O FDP, ressuscitado com um programa claramente de direita depois de ter perdido dois assentos no Bundestag em 2013, é à priori um aliado natural para os conservadores, com quem governou entre 2009 e 2013. 

Mas o pequeno partido liberal tem apenas 9% de intenção de voto, e governar com seu chefe, o fotogênico Christian Lindner, poderá ser conflitivo. A chanceler poderia, portanto, formar uma dupla com o FDP e os ecologistas, uma união que existe há pouco tempo em nível regional, no norte da Alemanha. 

Uma aliança similar na esfera federal parece, contudo, complicada, devido às grandes diferenças de fundo entre os Verdes e o FDP seja nos círculos de negócios ou em questões como o futuro do diesel. 

Uma aliança complicada
 

O desejo do FPD de conseguir o ministério das Finanças de Wolfgang Schäuble, um peso pesado do CDU que não tem intenção de ceder o cargo, parece ser outro obstáculo para a formação dessa aliança inédita. 

Uma coalizão com o FDP poderia, ainda, complicar os projetos de reforma da zona do euro promovidos pelo presidente francês, Emmanuel Macron, e que Merkel disse estar disposta a debater. O partido liberal se opõe a essas mudanças porque teme que a Alemanha pague por outros países. 

A situação é um verdadeiro quebra-cabeças para a chanceler que, segundo Thorsten Benner, do Global Public Policy Institute, deverá enfrentar negociações "bastante difíceis e longas" depois das eleições. 

As negociações para formar governo acontecerão em um clima que a provável entrada da direita populista no Bundestag contribuirá para o aumento da tensão nos próximos meses. 

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