Nas ruas de Pyongyang, a presença militar é constante, conta o publicitário Marcelo Druck, 29 anos, que viajou para a Coreia do Norte a turismo em 2012. No País mais fechado do mundo, dois guias acompanharam o brasileiro todo o tempo em roteiros planejados. Militares controlam ambientes estratégicos, como aeroportos. “Nas viagens que fiz lá dentro, tinha checkpoints constantes. É bem aquela coisa de filme, o soldado magrela e baixinho com a AK47 no ombro olhando teus documentos”, conta.
O monitoramento e a língua tornam difícil o contato com os norte-coreanos. A relação mais próxima foi com os guias, que eram curiosos sobre o Brasil: o rapaz de 20 anos queria servir ao exército, e a mulher, de 35, que morou em Cuba, perguntou sobre novelas. “Sendo moradores de Pyongyang, eram da elite do país. Tinham apartamentos, roupas e cigarros. Também pareciam alimentados; apesar de nunca provarem os pratos que pedíamos”, conta o brasileiro. “No interior, a galera era bem miserável”, revela.
Até pela importância da região, Marcelo não espera uma guerra na península. “Acredito que seja bem difícil que haja realmente um conflito. A retórica é muito importante nesse caso. As armas nucleares e todo o militarismo são um jeito dos Kims sobreviverem. Entrar em guerra certamente será para perder, e isso não faria sentido”, diz.
DIVERSÃO
Druck visitou lugares exóticos, como um restaurante de carne de cachorro, mas também andou de metrô e jogou boliche. “O boliche eram os coreanos se divertindo de verdade. Foi onde senti mais naturalidade deles”, conta. Em um país comunista, ele pode apostar em um cassino para chineses dentro do hotel. “Ganhei 10 dólares. Mas era algo muito sombrio, soava muito errado”, lembra.
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Pare ele, a maior diferença em relação ao Brasil foi a falta de liberdade. “Apesar de vivermos num país onde a maioria da população é pobre e termos diversos problemas sociais, ainda mantemos a liberdade de ir e vir, além de um mínimo poder de escolha sobre a própria vida”, explica. “No final das contas, eles me pareceram felizes. Claro que é um regime sanguinário e ditatorial. Não sei se é por não conhecerem um modelo diferente. O que mais me impressionou foi ver que são pessoas normais, vivendo a vida. No fundo, o ser humano se acostuma a tudo”, afirma.