Um homem matou duas mulheres a faca, neste domingo (1º), na principal estação de trem de Marselha (sul da França), em um ataque reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico, antes de ser abatido por militares que patrulhavam o local.
"Duas vítimas morreram por arma branca", informou o chefe da Polícia local, Olivier de Mazières.
O ataque aconteceu por volta das 13h45 locais (8h45, horário de Brasília). O agressor "teria gritado 'Alá é grande' ao passar à ação", esfaqueando uma das vítimas e degolando a outra, de acordo com uma fonte próxima às investigações.
Após o ataque, a seção antiterrorista do Ministério Público francês anunciou a abertura de investigação por "assassinatos vinculados a uma organização terrorista" e "tentativa de assassinato de um funcionário público".
O homem foi morto por militares da Operação antiterrorista "Sentinela", disse o procurador da República, Xavier Tarabeux.
Por volta das 15H00 locais, os arredores da estação central Saint Charles permaneciam isolados pela Polícia. Agentes e militares patrulhavam com armas pesadas as monumentais escadarias do edifício.
O ministro francês do Interior, Gérard Collomb, anunciou no Twitter a intenção de viajar "imediatamente" a Marselha "após o ataque executado perto da estação Saint Charles".
Horas depois, a organização extremista Estado Islâmico anunciou, através de sua agência de propaganda que o autor do ataque "provém dos soldados do Estado Islâmico".
SAIR CORRENDO
Dentro da estação na hora do ataque, Jeanne, de 33 anos, contou que "teve medo" e "saiu correndo" após a agressão, à qual não assistiu diretamente.
"Pessoas que não usavam roupas militares, talvez policiais à paisana, gritavam para sairmos. Mas muitas pessoas não se mexiam", relatou.
O presidente francês, Emmanuel Macron, se manifestou pelo Twitter, afirmando estar indignado com a barbárie do ataque.
"Profundamente indignado com este ato bárbaro, com dor pelas famílias e amigos das vítimas de Marselha. Cumprimento os militares da Sentinela e os policiais que reagiram com sangue frio e eficácia", tuitou o chefe de Estado.
"Não baixamos a guarda", assegurou pela mesma rede social o primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, manifestando sua "ira e tristeza pelas vítimas".
A França está em alerta por terrorismo desde o atentado de janeiro de 2015 contra a revista satírica "Charlie Hebdo", no qual 12 pessoas morreram.
O governo lançou a continuação da Operação "Sentinela", destacando cerca de 7 mil agentes em todo país para vigiar zonas de alto risco, como estações, pontos turísticos e prédios religiosos.
O novo ataque acontece dois dias antes de a Assembleia Nacional votar uma controverso projeto de lei antiterrorista. A legislação busca introduzir no Direito comum algumas medidas do estado de emergência instaurado pelo ex-governo socialista após os atentados que deixaram 130 mortos, em 13 de novembro de 2015, em Paris.
"Diante destas mortes bárbaras, nossa esperança é (...) que consideremos, enfim, o terrorismo como o que é: um ato de guerra", reagiu a presidente da Frente Nacional (extrema direita), Marine Le Pen.
"Marselha chora por suas pobres vítimas. O assassino (é) tão repugnante quanto seus motivos", declarou no Twitter o deputado de Marselha e líder do partido França Insubmissa (esquerda radical), Jean-Luc Mélenchon.