ESPANHA

Opinião: o dia de votação na Catalunha

Com o fechamento das sessões a expectativa é pelo resultado

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Publicado em 01/10/2017 às 19:58
LLUIS GENE / AFP
Com o fechamento das sessões a expectativa é pelo resultado - FOTO: LLUIS GENE / AFP
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Por Taíza Brito

Especial para o JC

Às 5h da manhã as filas nos colégios eleitorais na Catalunha já eram imensas. Às 9h a polícia espanhola irrompeu em vários deles violentamente, espancando idosos, jovens, quem estava pela frente. Ao meio-dia, estava dentro de um colégio eleitoral em Barcelona, com jornalistas internacionais e locais. Os eleitores, muitos idosos e em cadeira de rodas, cantavam e esperavam sua vez de votar. Fora, sob a chuva muitos esperam e resistiam. Pensei comigo o quão valente é essa gente.

Às 15h50, as cenas registradas por cidadãos e jornalistas já haviam rodado o mundo e impressionavam. De um lado a violência da polícia espanhola, cujo governo espanhol garantiu que estava atuando com "profissionalidade". O relato de Marta Torrecillas, que gravou um vídeo que circulava como pólvora nas redes sociais era contundente. Ela teve três os dedos da mão quebrados, um a um. Os policiais também levantaram a blusa dela, apalpando seus seios e rindo. Marta não intimidou-se, depois de atendida num hospital, voltou e votou.

Houve lugares onde os bombeiros fizeram cordões para proteger a população, Em outros, onde a polícia não entrou a votação continuou. O governo da Espanha disse que não estava havendo referendo. Mas estava havendo sim, com 73% das mesas eleitorais estão abertas. O segredo para o povo continuar votando mesmo com o risco de aumentar a cifra de feridos? Livrar-se de um jugo que dura mais de 300 anos.

Às 19h, a polícia espanhola conseguiu fechar 319 dos 2.300 colégios eleitorais habilitados para o referendo. As imagens de violência, muitas fortíssimas, constrastavasm com as cenas protagonizadas por um povo determinado. Que resistiu e votou. Muitos, muitos idosos foram às urnas, como uma senhora de 102 anos em cadeira de rodas que aparecia no Twitter. Até auele horario eran 465 feridos, alguns em estado grave, numa ação criticada por muitos líderes europeus. Nas ruas, muitos dizem que com ação "covarde" da polícia, a Espanha se separou da Catalunha. Veremos em breve as consequências.

Às 20h, os colégios eleitorais fecharam as portas depois de uma jornada impressionante. De longe podia se ouvir em vários pontos de Barcelona o povo comemorando: "Votamos". A violenta ação policial espanhola em vários colégios, com quase 844 feridos, não foi suficiente para parar os catalães. Que resistiram desde às 5h da manhã à chuva e o acerco policial. Estive 5 horas dentro de um colégio eleitoral e o que vi foi alegria, sorrisos, vontade de exercer a democracia. Os idosos, repito, foram os que mais deram liçoes por aqui. E também foram alvo da violenta polícia do Estado espanhol.

Apuração

Começou a contagem dos votos. Estima-se que milhões votaram. A maior questão agora é: Como será daqui em diante? A Espanha envergonhou a União Europeia. Merkel já pediu explicações a Rajoy. Aqui, um povo orgulhoso da sua resistência permanecia nas escolas vigiando a contagem dos votos. O resultado e consequências disso tudo saberemos em breve.


 

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