O ministro britânico das Relações Exteriores, Boris Johnson, recebeu uma saraivada de críticas, nesta quarta-feira (4), inclusive de seu partido, após declarar que a Líbia pode se tornar um atrativo para turistas e investidores, desde que consiga "se livrar dos cadáveres".
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Johnson esteve em agosto passado na Líbia, país mergulhado no caos e nas mãos de milícias desde a queda e a morte do ditador Muamar Khadafi, em 2011.
Ontem à noite, no congresso anual dos conservadores em Manchester, o chanceler comentou que empresas britânicas "têm a brilhante ambição de transformar Sirte no próximo Dubai".
Falou da "areia branca", da "beleza do mar" e dos "brilhantes jovens habitantes" da cidade.
Depois dos elogios, lembrou, rindo em seguida: "mas, em primeiro lugar, devem se livrar dos cadáveres".
O comentário em tom jocoso causou mal-estar na plateia.
Nesta quarta de manhã, o vice-primeiro-ministro britânico, Damian Green, lamentou as palavras do colega.
"Boris e todos os homens políticos deveriam ser sempre cuidadosos com o uso do vocabulário", disse ele, em entrevista à rádio BBC.
As declarações sobre Sirte, onde o grupo Estado Islâmico (EI) foi derrotado em dezembro, foram muito criticadas por Emily Thornberry, responsável pelas Relações Exteriores na oposição trabalhista.
"Falar desses mortos como uma brincadeira (...) é incrivelmente grosseiro, impiedoso e cruel", criticou.
"Este comentário (...) demonstra, mais uma vez, que Boris não é feito para o cargo. (Theresa) May deve pôr ordem no governo e destituí-lo", sugeriu a deputada do partido Liberal-Democrata Jo Swinson à primeira-ministra britânica.
Boris Johnson rebateu as críticas pelo Twitter, acusando essas pessoas, "que não conhecem a Líbia", de "jogar politicamente com a realidade terrivelmente perigosa de Sirte".