O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) disse, nesta quinta-feira (5), estar preocupado com as centenas de civis mortos na Síria e com as milhares de pessoas recém-deslocadas, enquanto o país atravessa um "pico de violência" desde a batalha de Aleppo em 2016.
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Em outro comunicado, o Escritório para Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha, na sigla em inglês) também lamentou "relatos de um grande número de vítimas civis, devido aos violentos ataques aéreos na Síria".
"Preocupado com os primeiros relatos de centenas de civis mortos e com a destruição de escolas e hospitais", o CICV enfatizou que os combates atingiram "um grau de intensidade jamais visto" desde janeiro.
"No geral, este é o maior pico de violência desde a batalha de Aleppo (norte) em 2016", estimou o organismo.
Uma aliança de combatentes curdos e árabes, apoiada pela coalizão internacional liderada por Washington, tenta expulsar o grupo extremista Estado Islâmico (EI) da província de Deir Ezzor, no leste da Síria, onde as forças do governo de Damasco também estão envolvidas. Estas últimas contam com o apoio da Aviação russa.
As Forças Democráticas Sírias (FDS) também combatem o EI em seu último reduto de Raqa, que foi a capital de fato do grupo extremista na Síria nos últimos três anos.
O mês de setembro foi o mais mortal em 2017 neste país em guerra há mais de seis anos, com mais de 3.000 mortos, entre eles quase mil civis, indicou recentemente o Observatório Sírio dos Direitos humanos (OSDH).
Segundo o CICV, "cada vez mais homens, mulheres e crianças estão fugindo da violência das operações militares".
A organização acredita que, todos os dias, "mais de mil" civis cheguem aos campos de deslocados estabelecidos em torno de Raqa e Deir Ezzor.
"Há semanas, assistimos a uma intensificação alarmante das operações militares que levam à morte de muitos civis", declarou Marianne Gasser, à frente da delegação do CICV na Síria.
'Inaceitável'
"As histórias relatadas por meus colegas são comoventes, como a de uma família de 13 pessoas que perdeu dez de seus membros, mortos em ataques aéreos, ou explosivos, ao fugirem de Deir Ezzor para se proteger", acrescentou.
Raqqa, Deir Ezzor e a região rural a oeste de Aleppo não são as únicas a experimentarem um aumento da violência.
Muitas zonas ditas de "distensão" também são afetadas, incluindo Idlib, a região rural de Hama e Ghuta Oriental, observa o CICV.
Os confrontos ocorridos nos últimos dez dias prejudicaram dez hospitais, "impedindo que centenas de milhares de pessoas tivessem acesso a cuidados de saúde mais básicos", afirmou a organização com base em Genebra.
Já o coordenador humanitário regional da Ocha para a crise na Síria, Panos Moumtzis, disse que "hospitais, ambulâncias, escolas e pessoas deslocadas que fogem da violência foram alvo de ataques aéreos que deixaram mortos e feridos entre os civis".
"Atacar civis, hospitais e outras instalações médicas é simplesmente inaceitável", completou o órgão da ONU, acrescentando que "esses atos podem representar crimes de guerra".
Iniciada em 2011 pela repressão governamental a protestos pacíficos, o conflito na Síria se tornou mais complexo com o envolvimento de países estrangeiros e de grupos extremistas em um território cada vez mais fragmentado. Mais de 330 mil pessoas morreram, de acordo com o OSDH.