Depois de mandar "alguns" irem procurar trabalho, o presidente Emmanuel Macron voltou a irritar parte dos franceses, os quais, indignados com a classe política, apontam seu "desprezo" em relação aos menos favorecidos.
Em um evento em Corrèze (centro) na quarta-feira (4), Macron conversava reservadamente com uma autoridade local, que lhe contava sobre as dificuldades de recrutamento de uma empresa.
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"Alguns, ao invésde fazer confusão, poderiam muito bem tentar arrumar um trabalho", respondeu Macron, sem especificar a quem se dirigia.
Pouco antes, sua visita foi interrompida por um grupo de cerca de 150 trabalhadores e ex-empregados licenciados de um fornecedor de autopeças, que enfrentaram os policiais na tentativa de se reunir com Macron.
"Eu presumo que um presidente da República possa nomear as coisas e escolher as palavras que todos nós usamos no dia a dia", respondeu o porta-voz do governo, Christophe Castaner, nesta quinta, depois das intensas reações da oposição, que voltou a chamar Macron - mais uma vez - de "presidente dos ricos".
Oposição
A porta-voz do partido de direita Os Republicanos, Valérie Boyer, também denunciou o "desprezo" do presidente "pelos franceses".
"Qual é o problema de Macron com as pessoas que não pagam o ISF? (Imposto de Solidariedade sobre a Fortuna)", questionou o porta-voz do Partido Socialista, Rachid Temal, referindo-se à polêmica reforma que alivia esse imposto para os mais ricos.
"Macron não sabe o que é 'procurar trabalho'. O 'bordel' é ele!", apontou o deputado Adrien Quatennens, do França Insubmissa (de esquerda radical), em alusão à declaração do presidente no original, em francês, algo como "em vez de ir transar no bordel, alguns poderiam muito bem tentar arrumar um trabalho lá".