Desde que deixou a Casa Branca, ele tem mantido a discrição, evitando críticas abertas a Donald Trump, mas, nesta quinta-feira (19), Barack Obama voltará a pisar na arena política.
O ex-presidente democrata participará de dois comícios eleitorais, o primeiro no estado de Nova Jersey, e o segundo, 500 km ao sul, na Virgínia.
Tanto na cidade de Newark como em Richmond, Obama, de 56 anos, apoiará os candidatos de seu partido para o governo estadual.
Ambas vão acontecer no dia 7 de novembro, um ano após a vitória surpreendente de Donald Trump nas eleições presidenciais de 8 de novembro de 2016.
A importância dessas eleições se deve, principalmente, à sua raridade: os americanos não costumam votar antes das eleições legislativas de meio de mandato. As próximas serão em 2018.
"Há apenas duas grandes eleições neste ano (nos Estados Unidos), e são para os governos de Nova Jersey e Virgínia", explica o professor de Ciência Política Larry Sabato à AFP.
"A ideia é obter vantagem para as eleições de meio de mandato em 2018", acrescenta.
Não se sabe sobre o que falará Obama, que vê seu governo de oito anos na Casa Branca ser gradualmente dilapidado por seu sucessor republicano.
Até agora, Obama tem seguido a tradição de manter a discrição que outros expoentes observaram depois de deixar o poder.
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Silêncio quase total
Após três meses de férias, Obama começou a escrever suas memórias, falou pouco publicamente e quase não concedeu entrevistas.
As poucas vezes que quebrou o silêncio foi para abordar questões de importância nacional, como a imigração, cobertura da saúde e a luta contra as mudanças climáticas.
Ao reencontrar nesta quinta-feira os militantes democratas, entre os quais mantém uma grande popularidade, o 44º presidente americano pode ser tentado, porém, a lançar algumas flechas contra Trump. O magnata nova-iorquino não tem sido exatamente discreto na hora de romper publicamente com qualquer coisa que represente seu antecessor.
Em Nova Jersey, o cargo de governador parece destinado ao democrata Philip Murphy, que sucederia ao republicano Chris Christie, político que era próximo de Trump e que agora, no fim de seu mandado, goza de pouca popularidade.
"Os democratas têm tudo para ganhar em Nova Jersey. Então, apenas a Virgínia será um campo onde haverá uma verdadeira disputa", diz Sabato.
A Virgínia é importante, sendo o único estado histórico do sul conquistado pela então candidata à Presidência dos EUA Hillary Clinton, em 2016. Sua relevância cresce ainda mais se considerada sua proximidade com a capital federal, Washington, D.C.
A importância dessas eleições
"Se o Partido Republicano perder a Vírginia, Trump terá grande parte da culpa", afirma Sabato.
Em contrapartida, "se conquistar o cargo de governador, Trump não será visto como um zero à esquerda pelo partido em 2018".
Em Richmond, capital da Virgínia e antiga capital dos estados confederados, Obama apoiará nesta quinta-feira à noite o democrata Ralph Northam.
Este ex-médico militar, que disputa o cargo contra o republicano Ed Gillespie, aparece com uma pequena vantagem em uma pesquisa da Universidade Quinnipiac publicada na quarta-feira (18).
A chegada de Obama a esse centro econômico dinâmico com mais de 220.000 habitantes provocou a formação de longas filas para conseguir um bilhete de entrada para o comício público.
Consciente da importância dessas eleições em sua estratégia de manter maioria no Congresso, o presidente Trump acusou Ralph Northam de lutar para uma gangue de criminosos hispânicos, ao apoiar as chamadas cidades santuário para os imigrantes em situação ilegal no país.
Já Ed Gillespie, um ex-conselheiro de George W. Bush que se tornou um lobista milionário, manteve até o momento uma distância prudente do imprevisível presidente, que expressou seu apoio publicamente.