A poluição causou a morte de nove milhões de pessoas em 2015, o que equivale a um em cada seis falecidos nesse ano, de acordo com um artigo publicado nesta sexta-feira (20). Quase todas as mortes (92%) ocorreram em países de baixa e média renda, sendo a poluição do ar a principal responsável, matando 6,5 milhões de pessoas.
Quase metade do número total de mortes ocorreu em apenas dois países - Índia e China -, relataram pesquisadores na revista médica The Lancet. Em países de rápida industrialização, como Índia, Paquistão, China, Bangladesh, Madagascar e Quênia, a poluição pode chegar a ser responsável por até uma em cada quatro mortes, acrescentaram.
"A poluição e as doenças relacionadas afetam mais frequentemente os pobres e os impotentes do mundo, e as vítimas são muitas vezes os vulneráveis ??e os sem voz", disse o coautor Karti Sandilya, da ONG antipoluição Pure Earth.
"Como resultado, a poluição ameaça direitos humanos fundamentais, como o direito à vida, à saúde, ao bem-estar, ao trabalho seguro, bem como a proteção das crianças e dos mais vulneráveis".
Com perdas globais de bem-estar de cerca de US$ 4,6 trilhões por ano, o custo econômico das mortes e doenças relacionadas à poluição também está concentrado nos países em desenvolvimento.
"Proporcionalmente, os países de baixa renda gastam 8,3% de sua renda nacional bruta com as mortes e doenças relacionadas à poluição, enquanto os países de alta renda gastam 4,5%", disseram os pesquisadores.
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Doenças
Além da intoxicação, a poluição causa uma série de doenças mortais como doenças cardíacas, acidentes vasculares cerebrais, câncer de pulmão e doença pulmonar obstrutiva crônica.
A forma mais mortal, responsável por mais de dois terços das mortes, foi a poluição do ar, acrescentaram.
Isso inclui a poluição das emissões de fábricas e carros e a poluição da queima de madeira, carvão vegetal, carvão, esterco ou resíduos agrícolas para calefação e para cozinhar.
A poluição da água ficou em segundo lugar, com 1,8 milhão de óbitos, enquanto "a poluição no local de trabalho, incluindo a exposição a toxinas e agentes cancerígenos, foi vinculada a 0,8 milhão de mortes", afirmou o relatório.
Os editores da The Lancet Pamela Das e Richard Horton disseram que o artigo chegou em um "momento preocupante, quando a Agência de Proteção Ambiental do governo americano, dirigida por Scott Pruitt, está solapando os regulamentos ambientais estabelecidos".
Esses dados devem servir como um "chamado à ação", acrescentaram. Pruitt anunciou este mês que os EUA revogariam o plano de energia limpa do ex-presidente Barack Obama.
Houve algumas boas notícias no relatório também. As mortes devido à poluição da água e do ar doméstico caíram de 5,9 milhões em 1990 para 4,2 milhões em 2015, à medida que os países pobres se tornaram mais ricos, disseram os autores.
Por outro lado, as mortes por poluição associada ao desenvolvimento industrial - como poluição do ar exterior, poluição química e do solo -, aumentaram de 4,3 milhões para 5,5 milhões no mesmo período.