A coalizão no poder na Argentina, Cambiemos, caminha para uma vitória neste domingo (22) nas eleições legislativas de meio mandato do presidente Mauricio Macri, que liderou a campanha oficialista para aprofundar suas reformas econômicas e sociais liberais e pró-mercado.
As pesquisas apontam uma vantagem ao macrismo como primeira força nacional. A principal candidata da oposição é Cristina Kirchner (2007-2015), que concorre ao Senado pela Unidad Ciudadana (peronistas de centro-esquerda) na província estratégica de Buenos Aires, que concentra quase 40% dos 33,1 milhões de eleitores.
Kirchner aspira a um assento no Senado com o argumento de "colocar um freio" sobre Macri em sua política de ajustes tarifários, financiamento do déficit fiscal com dívida e flexibilização das leis trabalhistas.
O presidente, por sua vez, pediu que o país "não retorne ao passado" de um "populismo que alterou a cabeça do povo".
Polarização
A mãe de todas as batalhas será travada na província de Buenos Aires. "Existe uma intensificação da polarização em relação às primárias de agosto", aponta o cientista político Facundo Nejamkis, da Opina Argentina.
Em agosto, Kirchner prevaleceu na província por uma pequena margem, mas o macrismo foi o mais votado a nível federal.
No distrito de Buenos Aires, do tamanho da Itália, Kirchner enfrenta Esteban Bullrich, um político pouco carismático.
Os eleitores renovarão metade da Câmara dos Deputados de 254 assentos e um terço do Senado de 72 assentos.
Cambiemos é uma aliança de partidos de direita, centro-direita e social-democratas da histórica União Cívica Radical.
Macri, sem uma maioria parlamentar, conseguiu adotar leis por meio de acordos com peronistas inimigos de Kirchner e governadores cujas finanças dependem dos fundos do governo federal.
O primeiro ano do presidente foi marcado por uma grande queda de popularidade, de quase 30%. A economia caiu 2,3%.
Mas a atividade econômica passou a crescer, a 1,6% no primeiro semestre. Os indicadores positivos ainda não alcançaram àqueles da primeira década do século, sob os governos kirchneristas, mas Macri diz confiar na reinserção do país no cenário mundial.
O presidente argentino é apoiado pelos Estados Unidos, União Europeia e órgãos internacionais de crédito.
Na última semana, a campanha eleitoral teve que ser suspensa em razão da descoberta do cadáver de um ativista que apoiava os indígenas mapuches desaparecido há 78 dias após a repressão policial na Patagônia. O caso comoveu o país, mas parece não ter sido suficiente para alterar as tendências da votação.
Macri é engenheiro de uma família rica, dona de um verdadeiro império empresarial. Seu trampolim para a política foi o clube Boca Juniors, cuja presidência exerceu favorecido por numerosos títulos locais e internacionais.
Kirchner, por outro lado, é uma ex-militante dos setores combativos do peronismo na dura década dos anos 70. Voltou-se ao campo moderado com o retorno democrático.
A ex-presidente foi acusada por supostos casos de corrupção, que ela nega e acusa "uma perseguição" destruí-la. Macri também foi denunciado pelo escândalo "Panama Papers", mas a justiça rapidamente o absolveu.