As três recentes séries de sanções tomadas pelas Nações Unidas contra Pyongyang por seus testes nucleares e de mísseis podem piorar a situação humanitária na Coreia do Norte, disse nesta quinta-feira (26) um especialista independente e relator especial da ONU para os direitos humanos no país.
Tomás Quintana afirmou no Comitê de Direitos Humanos da Assembleia Geral que os envios para a Coreia do Norte de medicamentos para pacientes com câncer e de cadeiras de rodas e outros equipamentos para pessoas portadoras de deficiências foram bloqueados, provavelmente como resultado das sanções.
Trabalhadores de ajuda humanitária na Coreia do Norte enfrentam atualmente obstáculos maiores para obter mantimentos e realizar transações financeiras devido às sanções, acrescentou.
"Estou preocupado pela possibilidade de que essas sanções tenham um impacto negativo sobre setores vitais da economia e portanto uma consequência direta no respeito aos direitos humanos", disse o diplomata argentino.
Leia Também
- Tensão com Coreia do Norte chegou a nível "sem precedentes", diz Japão
- União Europeia adota novas sanções contra Coreia do Norte
- Viagem de chefe do Pentágono pela Ásia focada na Coreia do Norte
- Trump volta a ameaçar a Coreia do Norte em mensagens no Twitter
- Coreia do Norte acusa EUA na ONU de impedir desenvolvimento
O Conselho de Segurança proibiu as exportações de carvão, ferro, chumbo, têxteis e mariscos pela Coreia do Norte e sancionou um conjunto de empresas do país por causa dos testes nucleares e balísticos realizados pelo governo de Kim Jong-un.
As sanções pretendem asfixiar financeiramente os programas militares de Pyongyang, mas segundo Quintana elas podem ter consequências negativas sobre os cidadãos norte-coreanos.
"A história nos mostra que as sanções podem ter um impacto devastador sobre a população civil", disse o diplomata, pedindo que elas sejam reconsideradas para que "não se tornem um castigo coletivo aos cidadãos".
Em um documento levado ao Comitê, Quintana afirma que 41% da população da Coreia do Norte está subnutrida e que a escassez crônica de alimentos foi agravada por inundações e secas.
Ainda de acordo com esse documento, quase um terço dos norte-coreanos com menos de 5 anos têm déficit de crescimento, em um aumento significativo em relação a 2014. Cerca de 18 milhões de pessoas, 70% da população, dependem de ajuda humanitária para viver.