A Cruz Vermelha holandesa apresentou nesta quarta-feira (01) suas "profundas desculpas" por não ter feito o suficiente para ajudar os judeus perseguidos pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, após a publicação de um relatório criticando sua inação.
"Os anos da guerra foram indubitavelmente uma mancha negra nas páginas dos 150 anos de nossa história", declarou a presidente da Cruz Vermelha, Inge Brakman, lamentando a "falta de valentia" da organização humanitária durante a ocupação da Holanda pelos nazistas.
"Apresentamos nossas profundas desculpas às vítimas e a seus parentes", disse, destacando que a organização reconhece "os erros cometidos durante e depois da guerra".
Relatório
Em um relatório solicitado pela Cruz Vermelha holandesa, o instituto NIOD de estudos sobre a Guerra, o Holocausto e o Genocídio, com sede em Amsterdã, denunciou "graves insuficiências na ajuda dada aos judeus perseguidos na Holanda".
"Os presos políticos holandeses [detidos] em campos situados no exterior da Holanda também se viram desprovidos, na maioria dos casos, da ajuda da Cruz Vermelha", segundo o relatório.
O estudo foi incluído na obra da historiadora do NIOD Regina Grueter, apresentada nesta quarta-feira em Amsterdã depois de quatro anos de pesquisa.
Os responsáveis da organização "tornaram as coisas muito fáceis para os ocupantes", lamentou o atual diretor da Cruz Vermelha holandesa, Gijs de Vries.
"Nunca falaram da perseguição dos judeus, e seguiram docilmente as instruções dos ocupantes", acrescentou.
A organização estabelece um novo comitê de ética para garantir que atua conforme seus princípios e para "tirar lições do passado".
Dos 140.000 judeus que viviam na Holanda no começo da Segunda Guerra Mundial, apenas 30.000 sobreviveram. No total, 107.000 judeus foram internados no campo de Westerbork, no nordeste da Holanda, antes de serem enviados aos campos de concentração nazistas de outros países.