A França homenageou nesta segunda-feira (13) as 130 vítimas dos atentados de Paris de 13 de novembro de 2015, em um dia solene no qual o presidente Emmanuel Macron percorreu cada um dos locais onde os ataques extremistas ocorreram.
Leia Também
Os atos pelo segundo aniversário desses atentados, reivindicados pelo grupo Estado Islâmico (EI) começaram em frente ao Stade de France, o primeiro dos seis locais atacados por três comandos que semearam o terror na capital francesa e causaram comoção no país.
Neste lugar, Macron, acompanhado por sua esposa Brigitte, colocou uma coroa de flores em memória de Manuel Dias, português de 63 anos que morreu quando um suicida se explodiu nos arredores do estádio durante uma partida de futebol.
Seguindo a ordem cronológica dos acontecimentos, o presidente, junto com seu antecessor, François Hollande, e a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, se dirigiu aos bares e restaurantes do nordeste da capital, onde 39 pessoas morreram pelos disparos dos extremistas.
As comemorações terminaram na sala de concertos Bataclan, local onde um dos comandos invadiu durante um show da banda americana Eagles of Death Metal e matou 90 pessoas.
"Nunca voltei a entrar", disse à AFP um sobrevivente do Bataclan que se identificou como Patrice. "Mas é importante vir, por todas as vítimas, pelos que não saíram vivos e por todos os feridos", acrescentou.
Nesta segunda, dois membros da banda californiana realizaram um show surpresa. O vocalista Jesse Hughes, visivelmente comovido, entregou rosas brancas aos familiares das vítimas depois de cantar "Save a prayer", a última canção completa que o grupo interpretou antes do início dos disparos.
"É difícil não se lembrar de todas as pessoas que morreram (...), mas essa noite vimos as mais belas demonstrações de amor que podem existir. Alguns deram a vida por seus amigos", declarou o artista ao canal BFTV.
Macron também participou de um ato em frente à Prefeitura do distrito XI de Paris, onde soltaram dezenas de balões coloridos em homenagem aos mortos.
"Nos esqueceram"
Os familiares das vítimas foram convidados a participar das homenagens, mas nem todos aceitaram. Elisabeth Boissinot, mãe de uma jovem que morreu na varanda do bar Le Carillon, recusou o convite. No Facebook criticou o que considera como "uma volta da vitória" das autoridades antes de "voltarem a esquecer" as vítimas.
O filho de Manuel Dias, Michaël, assistiu a homenagem, mas se negou a cumprimentar o presidente em protesto pelo fechamento da Secretaria de Assistência às Vítimas, decidido por Macron. "Nos esqueceram completamente", disse aos jornalistas.
Alguns moradores lamentaram o baixo comparecimento nas cerimônias de aniversário. "Talvez a vida seja mais forte do que todo o resto, mas a perda da memória é muito triste", considerou, indignada, Francie Best, de 86 anos.
Para esta professora de Filosofia agora aposentada "a solidariedade que levantou o bairro desapareceu pouco a pouco", lamentou.
Os atentados de 13 de novembro de 2015 mudaram profundamente a França, que adotou no mês passado uma polêmica lei antiterrorista que dá às autoridades amplos poderes para fazer operações em casas, fechar locais de culto e restringir os movimentos de supostos extremistas.
Os ataques de Paris fizeram parte de uma série de atentados extremistas que deixaram mais de 240 mortos na França desde o início de 2015, começando com um ataque a tiros na revista satírica Charlie Hebdo.
Dois anos depois, a extensa investigação policial sobre os ataques de Paris continua, mas Salah Abdeslam, o único homem diretamente envolvido nos atentados que sobreviveu, se nega a falar e aqueles que ordenaram os ataques permanecem impunes.
Os demais membros da célula responsável pelos atentados foram abatidos ou morreram em ataques suicidas.