ZIMBÁBUE

Mnangagwa tomará posse como presidente do Zimbábue na sexta

Emmerson Mnangagwa fica à frente do país após renuncia de Robert Mugabe, que estava há 37 anos no poder

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Publicado em 22/11/2017 às 14:11
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Emmerson Mnangagwa fica à frente do país após renuncia de Robert Mugabe, que estava há 37 anos no poder - FOTO: Foto: AFP
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O ex-número dois do Zimbábue, Emmerson Mnangagwa, tomará posse como presidente na sexta-feira (24), três dias depois da renúncia de Robert Mugabe, que dirigiu o país com mão de ferro por 37 anos, anunciou a imprensa estatal nesta quarta-feira.

"A posse do camarada Mnangagwa está prevista para sexta", informou o site do grupo audiovisual público ZBC. No exílio desde sua saída do poder, o ex-vice-presidente, de 75 anos, deve chegar a Harare hoje, às 18h locais (14h, horário de Brasília), acrescentou o ZBC.

Exilado desde sua destituição em 6 de novembro, Mnangagwa, de 75 anos, deve chegar a Harare ainda nesta quarta.

Sua nomeação é uma revanche para este cacique do regime, apelidado de "o crocodilo" por seu caráter inflexível.

Mnangagwa, que ambicionava o poder, foi destituído por Mugabe, de 93 anos, que pretendia favorecer as ambições políticas de suas esposa, Grace,

Mas dessa vez o veterano presidente calculou mal as consequências e a expulsão de Mnangagwa terminou com sua própria queda.

Sob pressão do exército - que tomou o controle do país em 15 de novembro -  e das manifestações nas ruas, Mugabe fez o que nunca achou que teria de fazer e renunciou.

A notícia foi dada em uma sessão extraordinária do Parlamento, convocado para debater uma moção de destituição de Mugabe, que controlou todos os aspectos da vida pública no Zimbábue desde sua independência, em 1980.

O anúncio foi comemorado nas ruas da capital, Harare, com buzinaços e gritos de alegria.

A renúncia põe fim a uma semana de incertezas sem precedentes. 

Mugabe havia ignorado todos os chamados para se afastar do poder, e inclusive afirmou no domingo à noite, em um discurso televisionado, que presidiria o congresso do partido em dezembro.

Desde o início da crise, as vozes pedindo a renúncia do decano dos chefes de Estado em atividade no mundo se multiplicaram.

"Com ele no poder, a vida era um desafio. Você ia à escola, conseguia um diploma, mas, no final, acabava vendendo cartão telefônico nas ruas", explicou à AFP Danny Time, formado eletricista.

O primeiro sucessor de Mugabe terá de reerguer a economia, em um país onde 90% da população está desempregada.

Mas a mudança de presente não garante mais democracia, afirma o analista Rinaldo Depagne, do International Crisis Group (ICG).

A população está consciente disso. "Com elementos do partido Zanu-PF ainda no poder, tenho dúvidas de que haja avanços", comenta Munyaradzi Chihota, empresário de 40 anos. "Não queremos que troquem um ditador por outro", afirma, por sua parte, Oscar Muponda, outro morador da capital Harare.

A Anistia Internacional já pediu ao novo presidente que evite os abusos de poder do passado, recordando que nos 37 anos de presidente Mugabe milhares foram torturadas, desapareceram ou foram assassinadas.

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