SÍRIA

Putin diz que solução na Síria exige "concessões" de todos

Segundo Putin, também é necessária a cooperação do governo sírio

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Publicado em 22/11/2017 às 14:26
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Segundo Putin, também é necessária a cooperação do governo sírio - FOTO: Foto: AFP
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O presidente russo, Vladimir Putin, assegurou nesta quarta-feira que vê "uma verdadeira oportunidade" para acabar com o conflito que assola a Síria desde 2011, ao início de uma cúpula com seus colegas da Turquia e do Irã em Sochi.

Apesar do otimismo, Putin ressaltou que uma solução para a guerra, que já fez mais de 330.000 mortos em seis anos, exigirá "concessões" de todas as partes, "incluindo do governo sírio".

O chefe de Estado russo acrescentou que o seu governo, o de Teerã e o de Ancara "vão empreender esforços mais ativos  para fazer com que este trabalho seja o mais produtivo possível".

Durante a reunião realizada na cidade balneária do sudoeste da Rússia, Putin, o principal aliado do presidente sírio Bashar al-Assad, a quem recebeu na véspera, quer preparar o cenário pós-conflito.

Nas últimas semanas, o regime, com o apoio do exército russo, recuperou grande parte do território sírio das mãos de grupos rebeldes e extremistas.

E, nas últimas horas, Putin multiplicou os contatos diplomáticos. 

Na terça, ele recebeu o presidente sírio Assad e elogiou seu êxitos militares.

"Mais de 98% do território sírio estão sob o controle das forças do governo sírio. Os terroristas ainda têm focos de resistência, mas se apagam rapidamente", afirmou Putin.

Após ajudar Assad a ganhar terreno contra os rebeldes e extremistas, o chefe do Kremlin quer relançar o processo de solução política para a guerra na Síria, que deixou mais de 330.000 mortos e milhões de deslocados desde 2011.

Putin informou ao seu colega americano Donald Trump do conteúdo da conversa que teve com o presidente sírio, informando a ele que Damasco é favorável à celebração de eleições legislativas e presidenciais, segundo o Kremlin.

Apesar da complicada relação entre Moscou e Washington, e das críticas recíprocas por essa questão, os dois chefes de Estado publicaram em 11 de novembro um comunicado conjunto excluindo qualquer "solução militar" para o conflito na Síria.

Nesta quarta, Putin se reunirá em uma cúpula com seus colegas turco, Recep Tayyip Erdogan, e iraniano, Hassan Rohani, em Sochi, para onde Assad viajou na segunda-feira em sua primeira visita ao exterior desde outubro de 2015, logo depois do lançamento da intervenção russa no conflito sírio, que marcou um ponto de inflexão.

Sua reunião surpresa com Putin, que ocorreu na segunda-feira mas não se tornou pública até terça, voltou a colocá-lo no tabuleiro diplomático, em um momento de intensificação dos contatos visando as negociações sob o patrocínio da ONU em Genebra, em 28 de novembro.

Assad expressou a Putin "o reconhecimento do povo sírio" à ajuda dada pela Rússia na defesa da "integridade territorial e da independência da Síria".

Lançada em novembro de 2015, a intervenção militar russa na Síria permitiu às Forças Armadas sírias reverter a situação militar, retomando das mãos dos extremistas do grupo Estado Islâmico (EI) a cidade antiga de Palmira, expulsar os rebeldes de Aleppo (norte) e recuperar o controle dos territórios do sul e do leste do país.

No domingo passado, as forças do governo expulsaram os extremistas de Bukamal, o último reduto urbano importante na Síria do grupo Estado Islâmico, que perdeu quase todo o território que havia conquistado desde 2014.

"A fase ativa da operação militar na Síria está terminando", considerou o chefe do Estado-Maior do Exército russo, Valeri Guerasimov.

Em um discurso retransmitido pela televisão, Hassan Rohani, por sua vez, declarou na terça a vitória sobre o EI.

A Rússia promove com o Irã, aliado de Assad, e a Turquia, que apoia os rebeldes, as negociações de Astana, capital de Cazaquistão, onde o governo e a oposição sírios celebraram sete reuniões em 2017.

As negociações de Astana permitiram criar "zonas de distensão" nas regiões de Idlib (noroeste), Homs (centro), Guta Oriental (perto de Damasco) e no sul.

Essas medidas resultaram na diminuição da tensão e agora a Rússia quer que as negociações de Astana, concentradas até então nos aspectos militares, desemboquem em uma solução política.

Apesar da diminuição da violência, mais de 13 milhões de pessoas, quase a metade delas crianças, precisam de ajuda humanitária na Síria, advertiu nesta terça-feria em um relatório o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha).

Até agora todas as tentativas de acabar com a guerra pararam no obstáculo do destino de Bashar al-Assad.

A última iniciativa russa de tentar reunir o governo e a oposição na Rússia foi recebida com frieza pelos rebeldes.

Por enquanto não foi fixada nenhuma data para essa reunião, que pode acontecer no começo de dezembro.

Ao contrário, as diferentes facções da oposição síria se encontrarão a partir de quarta-feira em Riad, capital da Arábia Saudita, país que patrocina o Alto Comitê de Negociações (HCN), que reúne os grupos rebeldes opostos a Assad.

 

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