TENSÃO NO ORIENTE

Coreia do Norte confirma teste de míssil balístico intercontinental

Em mensagem reproduzida pela TV estatal, o líder norte-coreano, Kim Jong-Un, afirmou que o teste com o míssil Hwasong-15 foi um sucesso

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Publicado em 29/11/2017 às 4:12
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Em mensagem reproduzida pela TV estatal, o líder norte-coreano, Kim Jong-Un, afirmou que o teste com o míssil Hwasong-15 foi um sucesso - FOTO: Foto: Kim Won-Jin / AFP
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A Coreia do Norte lançou um míssil balístico intercontinental (ICBM) na madrugada desta quarta-feira (horário local), o primeiro em dois meses, em uma nova provocação à comunidade internacional, que havia reforçado as sanções contra Pyongyang.

Em mensagem reproduzida pela TV estatal, o líder norte-coreano, Kim Jong-Un, afirmou que o teste com o míssil Hwasong-15 foi um sucesso.

"O ICBM Hwasong-15 é um míssil balístico intercontinental com uma ogiva de grande tamanho capaz de atingir todo o território continental dos Estados Unidos", destacou a agência de notícias norte-coreana KCNA. 

O novo disparo levou Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul a solicitarem uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU. A reunião será celebrada na quarta-feira às 16h30 locais (19h30 de Brasília).

O secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, exortou Pyongyang a "desistir de tomar qualquer possível passo desestabilizador no futuro".

Guterres qualificou o teste de "clara violação das resoluções do Conselho de Segurança" e que "revela a completa falta de respeito pela visão conjunta da comunidade internacional".

Segundo o Pentágono, o míssil balístico intercontinental (ICBM) teria voado 1.000 quilômetros antes de cair no Mar do Japão. 

Já a agência de notícias sul-coreana Yonhap noticiou que o míssil foi lançado para o leste a partir da província de Pyongan Sul.

"Às 13h30 (16h30 de Brasília) detectamos um provável disparo de míssil proveniente da Coreia do Norte", confirmou em Washington o porta-voz do Pentágono, o coronel Rob Manning.

Ao menos um especialista indicou que a trajetória sugere que Pyongyang poderia ter a tecnologia para lançar um projétil a mais de 13.000 quilômetros, o que colocaria todas as cidades americanas ao seu alcance.

Reações internacionais não tardaram a aparecer.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e seu homólogo sul-coreano, Moon Jae-In, avaliaram que o novo míssil norte-coreano representa uma ameaça "para o mundo inteiro".

"Os dois dirigentes destacaram a grave ameaça que a última provocação da Coreia do Norte deixa cair não apenas sobre os Estados Unidos e a Coreia do Sul, mas também sobre o mundo inteiro", declarou a Casa Branca em referência a conversa telefônica entre os dois líderes.

Mais cedo, o secretário americano de Defesa e chefe do Pentágono, general James Mattis, declarou que o teste realizado representava uma ameaça para o mundo inteiro. 

Este míssil alcançou a maior altura já registrada nos testes norte-coreanos e representa "uma ameaça para todo o mundo, francamente", declarou Mattis na Casa Branca.

O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, declarou que os Estados Unidos avaliam "as opções diplomáticas" para resolver a crise e que elas seguem "sobre a mesa por enquanto".

Em declaração lida por seu porta-voz em Washington, Tillerson pediu à comunidade internacional para "tomar novas medidas" à margem das sanções já aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU, "incluindo o direito a proibir o tráfego marítimo de bens de e para a Coreia do Norte".

Após ser informado da situação na Coreia do Norte, enquanto o míssil ainda estava no ar", o presidente Trump discursou na Casa Branca, enviando uma dura mensagem à Coreia do Norte: "nós vamos cuidar disso", afirmou.

Trata-se do primeiro teste com um míssil em dois meses, e oito dias depois de Washington voltar a colocar a Coreia do Norte na lista de países patrocinadores do terrorismo, um gesto que Pyongyang qualificou de grave provocação.

Horas antes, o ministro sul-coreano de Unificação informou sobre a detecção de uma atividade incomum na Coreia do Norte. Um radar de rastreamento de mísseis foi instalado na segunda-feira em uma base norte-coreana não identificada e o tráfego de telecomunicações aumentou, segundo uma fonte do governo citada pela Yonhap.

'Disparo de precisão'

"Como resposta ao lançamento, a Coreia do Sul efetuou "um disparo de precisão" de um míssil, informou a Yonhap, citando o Estado-Maior sul-coreano.

O governo japonês também estava em estado de alerta após detectar sinais de rádio que pressagiavam um possível disparo de míssil, segundo a agência japonesa Kyodo. O temor de um novo lançamento gerou preocupação nos mercados e fez a Bolsa de Tóquio cair.

O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, se manifestou qualificando o disparo do míssil de "ato violento" que "não pode ser tolerado", e pediu reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU.

"Nunca cederemos ante nenhum ato de provocação. Reforçaremos nossa pressão" sobre Pyongyang, declarou Shinzo Abe à imprensa.

Mais tarde, Trump e Abe advertiram que a Coreia do Norte está colocando sua própria segurança em risco com o novo teste, segundo um relato da Casa Branca sobre uma conversa telefônica. 

"Os dois líderes concordaram que as ações provocadoras do regime norte-coreano estão prejudicando sua segurança e isolando-o da comunidade internacional", informou um comunicado da Casa Branca. 

"Os líderes reafirmaram seu compromisso de combater a ameaça norte-coreana", acrescentou. 

O disparo desta terça-feira representou uma escalada nas tensas relações entre o regime de Kim Jon-Un e o Ocidente. 

Em 3 de setembro, a Coreia do Norte fez seu sexto teste nuclear, o mais potente até a data. Segundo Pyongyang, se tratava de uma bomba de hidrogênio capaz de ser colocada em seus mísseis de longo alcance.

Em 15 de setembro, menos de uma semana depois que o Conselho de Segurança da ONU adotou novas sanções contra o regime norte-coreano, Pyongyang disparou um míssil balístico que sobrevoou o Japão, a 3.700 quilômetros a leste de seu ponto de partida, segundo Seul.

Desde então, a ausência de lançamentos criou a expectativa de que o endurecimento das sanções da ONU dava frutos.

Além de levar em conta o fato dos Estados Unidos terem incitado o resto da comunidade internacional a tomar medidas unilaterais.

Washington pede especialmente à China, principal apoio econômico de Pyongyang, que pare de apoiar seu vizinho. Trump se mostrou confiante sobre este aspecto após sua recente visita a Pequim, apesar do ceticismo de muitos observadores.

Os Estados Unidos esperam que quando Kim Jong-Un estiver totalmente isolado e submetido a um importante bloqueio econômico e sob as constantes ameaças militares do presidente americano, o líder norte-coreano acabará aceitando negociar seu programa nuclear.

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