Quarenta e cinco mil pessoas se manifestaram nesta quinta-feira (7) em Bruxelas para chamar a atenção da União Europeia sobre a situação na Catalunha, cuja autonomia sofreu a intervenção do governo espanhol depois de uma declaração unilateral de independência impulsionada pelo executivo regional.
Sob uma chuva intermitente e com dois graus de temperatura, a manifestação começou no início da tarde passando pelo bairro europeu de Bruxelas sob o lema "Europe, wake up! Democracy for Catalonia" (Acorda Europa! Democracia para a Catalunha), duas semanas antes das eleições regionais antecipadas na Catalunha.
"Viemos para pedir à Europa que acorde, que vejam que na Espanha não há democracia, que não há independência judicial", disse à AFP Montserrat Mante, de 73 anos, que viajou à capital belga junto com seu marido e sua nora da cidade catalã de Badalona.
Desde a convocatória em 1 de outubro na Catalunha de um referendo de autodeterminação proibido pela justiça espanhola, a UE considerou essa crise política como um assunto interno da Espanha e expressou seu respeito à legislação espanhola e ao governo central de Mariano Rajoy.
Perguntado sobre a manifestação, o vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, indicou que "todos os cidadãos têm o direito de organizar-se para expresar (...) um desejo político de mudança", embora tenha ressaltado que isso não significa "ignorar a lei".
Depois que o parlamento regional proclamou unilateralmente a independência da Catalunha, Madri colocou a autonomia catalã sob tutela, destituiu o executivo catalão e convocou eleições regionais, enquanto a justiça espanhola abriu processos por rebelião contra os líderes separatistas.
O presidente catalão destituído, Carles Puigdemont, que foi para a Bélgica no final de outubro com quatro membros de seu executivo, chegou meia hora antes do início da marcha e foi recebido entre aplausos ao grito "Puigdemont, nosso presidente".
"Não podemos abandonar nosso presidente que está no exílio aqui. Estamos aqui para continuar a luta pela independência e pedir a liberdade dos presos políticos", disse à AFP Antoni Llenas, de 59 anos, em referência aos líderes separatistas presos na Espanha.
O objetivo das organizações separatistas que convocaram a manifestação -Assembleia Nacional Catalã (ANC) e Òmnium Cultural- é demostrar que a "Catalunha não é apenas um assunto interno da Espanha, mas (também) um assunto europeu", explicou na véspera o vice-presidente da Òmnium, Marcel Mauri.
Com esse objetivo, a marcha cruzou o bairro europeu, percorrendo 2,5 quilômetros que passa pela sede da Comissão Europeia até terminar na praça Jean Rey, nas imediações da Eurocâmara e do Conselho Europeu.
Os organizadores previam "mais de 20.000 pessoas" na manifestação. A contagem oficial da polícia de Bruselas até as 12H00 GMT era de "45.000 manifestantes", informou em sua conta do Twitter.
A presença de catalães é significativa na capital belga. Na quarta-feira à noite, dezenas de separatistas encheram os bares e as ruas próximas à turística Grand-Place de Bruxelas, constatou a AFP.