PEDOFILIA NA AUTRÁLIA

Comissão acusa Austrália de não proteger crianças contra pedofilia

Mais de 15 mil pessoas relataram terem sido vítimas de pedofilia na Austrália. Entidades católicas estariam envolvidas em parte desses crimes

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Publicado em 15/12/2017 às 14:20
Foto: AFP PHOTO / ROYAL COMMISSION / JEREMY PIPER
Mais de 15 mil pessoas relataram terem sido vítimas de pedofilia na Austrália. Entidades católicas estariam envolvidas em parte desses crimes - FOTO: Foto: AFP PHOTO / ROYAL COMMISSION / JEREMY PIPER
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A Austrália faltou gravemente com seus deveres em relação às crianças durante décadas - acusou uma comissão de investigação, nesta sexta-feira (15), em seu relatório final sobre a resposta dada às várias acusações de pedofilia envolvendo Igreja católica, orfanatos e outras entidades.

Depois de uma década de revelações, o governo australiano cedeu finalmente em 2012 às pressões e criou uma Comissão de Investigação Real sobre a resposta institucional para esse tipo de crime.

Em depoimentos em audiências públicas, ou a portas fechadas, mais de 15.000 pessoas relataram terem sido vítimas de pedofilia e acusaram mais de 4.000 instituições - muitas delas entidades católicas.

"Milhares de crianças foram vítimas de agressões sexuais em muitas instituições australianas. Nunca conheceremos o número exato", afirma o relatório, que faz recomendações para melhorar a segurança das crianças e tentar impedir que os pedófilos atuem.

A comissão assegura que não se trata da ação de "algumas maçãs pobres" dentro de uma instituição. Foram apresentadas mais de 2.500 denúncias à Polícia, que abriu 230 investigações. Em fevereiro, a comissão já havia difundido cifras espantosas, ilustrando a magnitude do problema.

Segundo o texto, 7% dos religiosos católicos australianos foram acusados de cometerem abuso sexual contra crianças entre 1950 e 2010, sem que os casos fossem investigados. Era costume ignorar as denúncias e até mesmo punir as crianças que falassem das agressões.

A Ordem dos Irmãos Hospitalares de São João de Deus registra os piores números, com 40% de seus membros acusados.

"O problema é tão extenso e a natureza dos crimes é tão odiosa que é difícil de entender", afirma o documento.

 Celibato não obrigatório

Entre as recomendações que a comissão fez nos 17 volumes de seu relatório, consta, principalmente, a obrigação de que os padres denunciem atos de pedofilia de que ficam a par durante a confissão.

O arcebispo de Melbourne, Denis Hart, presidente da Conferência Episcopal australiana, pediu desculpas em nome da Igreja por seu "vergonhoso passado".

Hart afirmou, porém, que não violará o sigilo da confissão, recordando que a punição para qualquer sacerdote que o fizer é a excomunhão.

A comissão também recomendou à Conferência Episcopal que peça ao Vaticano que modifique o direito canônico, a fim de instaurar o celibato voluntário e não obrigatório para os padres.

O mais alto representante da Igreja católica na Austrália, George Pell, reconheceu perante a comissão que falhou em sua gestão dos padres pedófilos no estado de Vitória ao longo dos anos 1970.

O próprio Pell, número três do Vaticano, foi causado no final de junho de cometer agressões sexuais, segundo a Polícia, que mencionou a existência de inúmeras acusações sem dar mais detalhes.

A partir de março, um tribunal se debruçará sobre o caso para decidir se Pell deve ir a julgamento.

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