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Presidente peruano tentará evitar seu impeachment nesta semana

Envolvimento em casos de corrupções com a construtora Odebrecht é principal motivo para Impeachment do presidente

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Publicado em 20/12/2017 às 10:10
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Envolvimento em casos de corrupções com a construtora Odebrecht é principal motivo para Impeachment do presidente - FOTO: Foto: AFP
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O presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski, comparece nesta quinta-feira (21) diante do Congresso para se defender das acusações sobre seus vínculos com a construtora Odebrecht, mas as possibilidades de evitar um impeachment parecem mínimas.

Kuczynski corre o risco de ser destituído por "incapacidade moral" e virar o primeiro presidente a perder seu posto por causa da Odebrecht, que admitiu ter pagado milhões de dólares em propinas em vários países latinos-americnaos para obter importantes contratos de obras públicas.

"Eu não menti, não sou corrupto", insiste Kuczynski.

Os analistas alertam que a economia peruana sofrerá um forte impacto com a incerteza política e a Igreja católica apelou para que se evite um aprofundamento da crise.

"A sorte do presidente Kuczynski está lançada", afirmou à AFP o analista político Luis Benavente, que prevê que o presidente de centro-direita será destituído ainda nesta quinta.

Controlado pela oposição, o Congresso acusa o presidente de ter ocultado que empresas vinculadas a ele prestaram assessorias por quase cinco milhões de dólares a Odebrecht.

Depois de ouvir as alegações do chefe de Estado, o Congresso manterá um debate antes de iniciar a votação pelo impeachment.

São necessários 87 de 130 votos no Parlamento para a destituição, um número que a oposição pode alcançar. O movimento de direita Força Popular, que pressiona Kuczynski desde o início de seu mandato em julho de 2016, exigiu sua renúncia para evitar o processo de destituição.

Uma pesquisa divulgada no domingo mostrou que 57% dos peruanos acreditam que Kuczynski deve deixar o cargo, contra 41% que consideram que o presidente deve completar o mandato de cinco anos, até julho de 2021.

Odebrecht

A Odebrecht revelou que pagou quase cinco milhões de dólares por serviços de assessoria a empresas vinculadas ao presidente entre 2004 e 2013. A empresa afirmou, porém, que os pagamentos foram realizados de forma legal e não contaram com a participação do presidente.

Do total, 782.000 dólares foram destinados à Westfield Capital, empresa de Kuczynski, quando ele era ministro da Economia e presidente do Conselho de Ministros do governo de Alejandro Toledo (2001-2006). Outros 4,05 milhões de dólares foram destinados para a First Capital, empresa de um ex-sócio.

Kuczynski descartou um conflito de interesses, alegando que, enquanto ele era ministro, todos os seus negócios foram administrados por seu sócio, o chileno Gerardo Sepúlveda.

Ele recordou que pediu a quebra de seu sigilo bancário e que está disposto a ser investigado pelo Ministério Público e pelo Congresso.

Em meio às acusações, o ministro peruano do Interior, Carlos Basombrío, pediu demissão, mas o presidente disse ter recusado e que espera convencê-lo a permanecer no cargo.

Os acusadores do presidente também não estão isentos de suspeitas. A própria líder do partido Força Popular, Keiko Fujimori, filha do ex-presidente preso Alberto Fujimori, é investigada por causa da Odebrecht e deve depor ante a Procuradoria nesta quarta-feira.

Em um sinal de desconfiança em relação aos políticos peruanos, organizações sociais e sindicais convocaram uma grande marcha nacional para esta quarta-feira para exigir "que todos os corruptos deixem o poder".

A Odebrecht admite que pagou 29 milhões de dólares em subornos para ganhar contratos de obras no Peru entre 2004 e 2015, período que envolveu os governos de Alejandro Toledo (2001-2006), quando Kuczynski foi ministro, de Alan García (2006-2011) e de Ollanta Humala (2011-2016).

Acusado de receber três milhões de dólares para a campanha eleitoral de 2011, Humala está em prisão preventiva. Toledo é alvo de uma ordem de extradição dos Estados Unidos, acusado de receber 20 milhões de dólares em um suborno para conceder à Odebrecht a construção de uma estrada.

Kuczynski pode ser o segundo presidente do Peru no século XXI destituído por incapacidade moral pelo Congresso.

No fim do ano 2000, Alberto Fujimori foi destituído da Presidência, condenado por crimes de corrupção e contra a humanidade.

Crescimento em perigo

O caso Odebrecht e o processo de impeachment estão causando prejuízos econômicos no país.

Apesar de o Peru registrar um crescimento superior ao de seus vizinhos (3,9% em 2016), teve de cortar suas expectativas para 2017 (3,8%) pela paralisação de algumas obras.

Kuczynski prognosticou em julho que a economia peruana cresceria mais de 4% em 2018 com a retomada dos grandes projetos de infraestrutura, mas essa meta agora parece distante.

O legislador governista Juan Sheput sugeriu que, se o Congresso destituir Kuczynski, os dois vice-presidentes também renunciem. Isso obrigaria a convocar novas eleições, o que provocará mais turbulência econômica, segundo analistas.

"O pior cenário para a economia do país será se, depois da destituição de Kuczynski, os dois vice-presidentes renunciarem para que assuma o presidente do Congresso (Luis Galarreta), que deverá convocar eleições de imediato", alertou o economista Jorge Gonzales Izquierdo.

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