A Rússia e o doping acumularam manchetes em 2017: por enquanto, o país não vai poder participar dos Jogos Olímpicos de Inverno em Pyeongchang, aliada à suspensão geral do atletismo russo que já dura desde novembro de 2015.
Foi quando a Federação Internacional de Atletismo (IAAF) anunciou a suspensão da Rússia por um escândalo de doping estatal.
Depois chegaram as medidas tomadas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), por outras federações internacionais, as investigações - especialmente o relatório McLaren de 2016 - pela Agência Mundial Antidoping (AMA)... Uma sequência de notícias e informações que continuam colocando o país no centro das suspeitas, ainda não dissipadas.
O terremoto que abalou as estruturas do esporte russo continua deixando a maré agitada.
Nas últimas semanas o país sofreu várias desqualificações de resultados esportivos, especialmente dos Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi-2014, momento chave dos planos de doping russo.
O país perdeu quatro medalhas e ouro e viu alguns atletas serem banidos das Olimpíadas. O bicampeão de bobsleigh, Aleksandr Zubkov, foi um dos atletas destronados.
No dia 5 de dezembro, o COI ditou a sentença: a Rússia não vai participar dos Jogos de Pyeongchang, em fevereiro. Apenas atletas russos que comprovarem estar limpos poderão participar das competições sob bandeira neutra.
Após a enorme decepção inicial, o governo russo anunciou que não vai boicotar as Olimpíadas nem impedir os atletas de competir sob as demandas indicadas pelo COI.
"A maioria das acusações estão baseadas em feitos que não têm provas", insistiu o presidente russo Vladimir Putin, que prometeu cooperar com a AMA mas também defender "os interesses dos nossos atletas nos tribunais".
O governo de Putin negou repetidas vezes a existência de um sistema de doping institucionalizado. No entanto, as organizações internacionais estão em consenso de que a prática existiu.
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IAAF se mantém firme
A IAAF se mantém firme no tema, que estremeceu o esporte.
A última reanálise da situação russa foi feita no final de novembro, mantendo a suspensão que foi imposta em novembro de 2015.
"Algumas das condições para a reabilitação da Rússia foram cumpridas, mas outros critérios ainda não, como a reabilitação da Agência Antidopagem russa como agência antidopagem independente e o reconhecimento pelas autoridades russas das conclusões do Relatório McLaren de um doping institucionalizado. Enquanto não se admita o que aconteceu, não estaremos convencidos de que não voltará a acontecer", declarou Rune Andersen, presidente do grupo independente implantado pela IAAF para verificar os progressos do país na luta contra o doping.
No exame constante a que estão submetidos os responsáveis russos, o Conselho da IAAF voltará a avaliar o caso no início de 2018, a princípio em março, que coincide com o Mundial de em pista coberta de Birmingham.
No Mundial de 2017, em Londres, a Rússia não pôde participar das competições sob a bandeira do país. 19 atletas russos conseguiram cumprir os requisitos impostos para disputarem, sob bandeira neutra, a competição que marcou a despedida de Usain Bolt das pistas.
"Gostaríamos muito de readmitir os atletas russos, mas é necessário que cumpram as condições", avaliou o presidente da IAAF, Sebastian Coe.
A Rússia vai precisar continuar trabalhando em suas reformas para enterrar, de uma vez por todas, um dos episódios mais graves da história do esporte do país.