Pelo menos 18 pessoas morreram, e 13 ficaram feridas em um enterro no leste do Afeganistão neste domingo (31), vítimas de um atentado suicida com explosivos - anunciaram autoridades locais.
"Todas as vítimas são civis", informou Attullah Khogyani, porta-voz do governador de Nangarhar, onde aconteceu o ataque, por volta das 13h30 (7h, no horário de Brasília).
"O agressor se detonou durante o funeral de um ex-governador do distrito de Haska Mina, morto recentemente por causas naturais", declarou o gabinete do governador provincial de Nangarhar, em um comunicado.
Imagens on-line mostravam corpos em poças de sangue e uma negra coluna de fumaça podia ser vista.
As pessoas presentes no enterro, idosos em sua maioria, fugiram em pânico do local.
Até o momento, nenhum grupo assumiu a autoria do ataque, que acontece dias depois do atentado a um centro cultural xiita de Cabul, em 28 de dezembro, reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI). O saldo foi de 41 mortos e mais de 80 feridos.
No Natal, o EI também se responsabilizou por outro ataque, desta vez contra um complexo da agência de Inteligência afegã na capital do país, Cabul. Seis civis morreram.
O Estado Islâmico tem uma forte presença na província de Nangahar, situada no leste do Afeganistão e fronteiriça com o Paquistão. O grupo chegou ao Afeganistão em 2015.
Embora grande parte dos ataques no país continue sendo obra dos talibãs, os extremistas do EI aumentaram sua atividade no último mês.
Assim, enquanto o EI multiplica os atentados no Afeganistão, os talibãs aumentam seus ataques contra as forças de segurança.
Enfraquecidas por deserções e pela corrupção, as forças de segurança afegãs perdem milhares de homens todos os anos, em especial desde 2014, quando a coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos se retirou do país.
Em 2016, cerca de 6.800 soldados e policiais morreram, um aumento de 35% em relação ao ano anterior, de acordo com a Sigar, uma agência militar dos EUA.
Os rebeldes também têm tirado proveito de brigas internas, agentes infiltrados e equipamentos militares vendidos por soldados corruptos.
O ano de 2017 foi particularmente letal para os civis afegãos e deixou um dos piores balanços de vítimas desde a queda dos talibãs, em 2001, quando desembarcaram as tropas da coalizão internacional.
Mais de 8.000 civis morreram, ou ficaram feridos no conflito nos primeiros nove meses de 2017, segundo a missão da ONU no país (Manua).
As 11.418 vítimas — incluindo cerca de 4.500 mortos — registradas em 2016 já era um recorde desde que a ONU começou a contar as perdas civis em 2009.