ALEMANHA

Angela Merkel retoma complicada tarefa de formar governo

A chanceler alemã Angela Merkel tenta tirar o país do atual impasse político

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Publicado em 07/01/2018 às 15:30
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A chanceler alemã Angela Merkel tenta tirar o país do atual impasse político - FOTO: Foto: AFP
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Angela Merkel declarou, neste domingo (7), estar otimista sobre as chances de poder formar um governo na Alemanha e tirar o país do impasse político, ao início de cinco dias de negociações com os social-democratas.

"Estou entrando nas discussões que se iniciam com otimismo, apesar de estar ciente do enorme trabalho adiante", declarou a chanceler em Berlim.

As eleições legislativas de setembro, marcadas pelo auge da extrema direita e um retrocesso dos grandes partidos, não deram nenhuma maioria clara na Câmara dos Deputados.

A chanceler e seu partido, o democrata-cristão, tentaram em um primeiro momento formar governo com os liberais e os ecologistas, mas não alcançaram nenhum acordo.

'Governo estável'

Só lhe resta a opção de fazer aliança com o partido social-democrata SPD, com o qual Merkel já governou anteriormente (2013-2017).

"Acredito que podemos alcançar um acordo", disse neste domingo, afirmando que queria "um governo estável" diante dos desafios internacionais e europeus.

"Nós devemos encontrar um consenso", declarou também neste domingo Horst Seehofer, presidente do partido conservador bávaro CSU, aliado de Merkl, em uma chegada às negociações.

Contudo, as consultas devem ser difíceis, especialmente pelas divergências entre o CSU, mais à direita que o CDU de Merkel, e o SPD no que diz respeito à política migratória e a Europa.

O CSU bávaro enfrenta uma eleição em seu reduto regional no outono e se arrisca a perder a maioria frente o avanço da extrema direita da Alternativa para Alemanha (AfD).

Seus dirigentes pediram reiteradamente que endureçam a política de acolhida de solicitantes de refúgio.

Ao contrário, o SPD deseja a flexibilização da política para os migrantes, em particular sobre o reagrupamento familiar.

Europa

A Europa constitui outra fonte de discórdia, pois o líder do SPD, Martin Schulz - ex-presidente do Parlamento Europeu - defende a criação dos "Estados Unidos da Europa" e apoia os projetos de reforma da eurozona do presidente francês, Emmanuel Macron, com um orçamento próprio e um ministro das Finanças europeu. 

O CDU de Merkel e O CSU se mostraram muito mais céticos sobre este tema. Ainda há "muito a ser feito", reconheceu o negociador democrata-cristão Volker Bouffier. 

O SPD está muito dividido sobre o que fazer. Após sua derrota nas urnas, muitos de seus membros prefeririam uma etapa na oposição.

"O fim segue em aberto para nós", assinalou um dos negociadores social-democratas, Michael Groschek. O que quer dizer que o SPD poderia rechaçar a oferta, ou apenas aceitar um apoio individual no Bundestag, mas sem participar de um governo de Angela Merkel.

As consultas iniciadas neste domingo durarão cinco dias, depois das quais os participantes decidirão se têm pontos suficientes em comum ou não para negociar uma coalizão. 

No entanto, os militantes do SPD terão a última palavra durante um congresso extraordinário em 21 de janeiro. Assim, embora os dirigentes dos partidos encontrem um acordo, nada garante que a base social-democrata vá validá-lo. 

Esta última teme que seu partido se arrisque a desaparecer, como ocorre com seus homólogos franceses, se participarem de um governo com os conservadores.

Uma pesquisa recente dá ao SPD menos de 20% de intenções de voto, enquanto no início da década de 2000 tinha cerca de 40%.

Se as negociações falharem, ou se os militantes do SPD não derem eu aval, Merkel só teria a opção de um governo em minoria, com uma fraca capacidade de sobrevivência. Ou convocar novas eleições, das quais somente a extrema direita se beneficiaria.

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