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Delegados do governo e da oposição na Venezuela iniciaram nesta quinta-feira (11), na República Dominicana, uma terceira rodada de negociações, cujo ponto alto são as condições eleitorais para as eleições presidenciais previstas para este ano.
O chanceler dominicano, Miguel Vargas, e o ex-chefe de governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, receberam na chancelaria os delegados do presidente Nicolás Maduro e da coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD).
A reunião começou com um clima tenso: o chefe da delegação do governo, Jorge Rodríguez, denunciou que a oposição pretende "voltar ao expediente da violência", pois um setor da MUD ameaça retomar os protestos em caso de fracasso da negociação.
"Estamos aqui com a melhor das expectativas, com o coração aberto, para obter um acordo de convivência pacífica", disse Rodríguez.
Maduro expressou em mensagem à Nação seu desejo de que esta nova rodada, de dois dias, leve a um "acordo preliminar".
"Nossa delegação tem instruções precisas para avançar (...) nos acordos para dar garantias plenas à realização das eleições presidenciais (...) para que a oposição não tenha desculpas para sair correndo e recorrer à violência".
A Assembleia Constituinte convocou os maiores partidos da MUD - Vontade Popular, Primeiro Justiça e Ação Democrática - a se reinscrever no poder eleitoral para poder disputar as eleições, nos dias 27 e 28 de janeiro.
Os três partidos se negaram a concorrer nas eleições municipais de dezembro, denunciando um sistema eleitoral "fraudulento".
"Parece ser um ambiente que não vamos poder avançar nessa suposta negociação. Se fracassar, este partido estará na rua defendendo os direitos do povo", disse o deputado Juan Andrés Mejía.
O deputado de Vontade Popular, partido do líder opositor Leopoldo López -em prisão domiciliar-, assegurou que a negociação somente funcionará se o governo se comprometer com eleições presidenciais "justas".
"Não precisamos ir à República Dominicana se não quiserem, podem ir às ruas, nas ruas os esperamos", desafiou o ministro da Comunicação e principal delegado do governo no diálogo, Jorge Rodríguez.
A essas tensões se somou o assassinato, na quarta-feira, de um deputado da Assembleia Constituinte, o que Rodríguez atribuiu preliminarmente a um "crime por encomenda político" de "certo setor da política".
Neste clima eles se sentam à mesa a partir dessa quinta-feira, em pleno recrudescimento da crise do país petroleiro.
Um processo complexo
O deputado Luis Florido, enviado do Vontade Popular a Santo Domingo, assegurou que o reconhecimento dos partidos e a renovação Conselho Nacional Eleitoral (CNE), acusado de servir ao governo, são pontos vitais para que o diálogo funcione.
O governo, por sua vez, exige que a oposição reconheça a Constituinte, e vários de seus funcionários garantiram que as eleições presidenciais serão realizadas com o mesmo poder eleitoral.
O chanceler dominicano, Miguel Vargas, está otimista. As partes "mostraram um grande compromisso com este diálogo. Esperamos que se chegue a um acordo definitivo", afirmou.
O papa Francisco advertiu na segunda-feira, no Vaticano, sobre a "crise política e humanitária cada vez mais dramática" do país petroleiro.
"A Santa Sé (...) deseja que se criem condições para que as eleições previstas durante o ano em curso consigam dar início à solução dos conflitos", disse Francisco. O Vaticano já foi mediador de um diálogo fracassado em Caracas em 2016.