O regime sírio voltou a negar nesta quarta-feira (24) que utilize armas químicas no conflito em seu país, depois das acusações que envolvem suas forças de segurança em um ataque químico contra um reduto rebelde perto de Damasco.
"A Síria condena as mentiras e acusações (...) sobre o uso de armas químicas", indicou uma fonte no ministério das Relações Exteriores de Damasco, citada pela agência oficial de notícias Sana.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) acusou as forças pró-regime de um novo ataque químico em Guta Oriental, a leste de Damasco, onde foram registrados 21 casos de asfixia. Habitantes e fontes médicas apontam para um ataque com cloro.
Por iniciativa da França, 24 países, incluindo os Estados Unidos, lançaram na terça-feira (23), em Paris, uma nova associação com o objetivo de compartilhar informações e estabelecer uma lista das pessoas envolvidas no uso de armas químicas no conflito na Síria.
Por sua vez, a Rússia acusou os Estados Unidos de manipularem as investigações sobre o uso de armas químicas na Síria.
Na terça-feira, o secretário de Estado americano, Rex Tillerson, considerou que "a Rússia tem, em última instância, a responsabilidade pelas vítimas de Guta Oriental".
"Discordamos totalmente da abordagem americana, que, de fato, manipulou a investigação sobre os casos anteriores" de ataques químicos, rebateu o porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, em declarações à imprensa nesta quarta.
'Fase crítica'
No plano diplomático, de acordo com o emissário da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, a nova rodada de negociações de paz para o conflito, que começará na quinta-feira em Viena sob os auspícios das Nações Unidas, vai acontecer em uma fase "muito, muito crítica" da guerra.
"Por definição, sou otimista, porque é a única forma de se comportar em momentos como esses. Mas estamos em uma fase muito crítica", considerou De Mistura ao chegar à capital austríaca.
Esta nona rodada de negociações, em busca de uma solução para o conflito que atinge a Síria desde 2011, terá lugar entre quinta e sexta-feira.
Desde o início do conflito, o regime de Bashar al-Assad sempre negou as muitas acusações de recorrer a armas químicas.
Após um ataque químico também na região de Guta Oriental em 2013, pelo qual foi acusado, Assad concordou em declarar e entregar seu arsenal químico no âmbito de um acordo supervisionado pela Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq).
"A Síria sempre forneceu sinais de cooperação e criou as condições para permitir uma investigação honesta e objetiva sobre o uso de armas químicas", insistiu a fonte síria, denunciando as "pressões ocidentais".
Em abril de 2017, um ataque com gás sarin na cidade de Khan Sheikhun (nordeste) deixou mais de 80 mortos e os investigadores da ONU culparam o regime.
Este ataque levou os Estados Unidos a lançar um ataque aéreo sem precedentes contra uma base do regime sírio.
O regime também foi acusado de ter utilizado gás de cloro em três localidades do norte da Síria em 2014 e 2015.